Última alteração: 10-09-2019
Resumo
Ehrlichia é uma bactéria intracelular obrigatória do grupo das riquétsias. Cepas desse gênero podem infectar canídeos domésticos e silvestres e causar erliquiose monocitotrópica canina (EMC), causada principalmente pela espécie E. canisa. Outras espécies como a E. ewingii, já identificada por sorologia no sudeste do país, e E. chaffeensis, agente da doença em humanos, podem causar formas atípicas da doença em cãesb;c. A EMC ocorre de forma enzoótica em regiões de clima tropical, sendo diagnosticada principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Estudos sorológicos realizados no Rio Grande do Sul demonstram uma baixa frequência de animais com anticorpos para Ehrlichia, bem como ausência da detecção direta do agente em cãesd;e;f. Essa baixa prevalência da doença tem sido associada a não circulação das linhagens tropicais do carrapato Rhipicephalus sanguineus, que é o vetor de transmissão entre os animais, no Sul do Brasil. O presente estudo teve como objetivo realizar o diagnóstico molecular e avaliar a ocorrência de Ehrlichia spp. em cães da Região Metropolitana de Porto Alegre. A população de estudo compreendeu 37 cães com suspeita clínica de hemoparasitoses, atendidos no Hospital Veterinário da ULBRA e em mais três clínicas no período de agosto de 2018 a junho de 2019. Os dados disponíveis do exame clínico (hemograma, bioquímicos, imagem e EPS) foram obtidos com a aplicação de um inquérito específico. Em paralelo, foi realizada a coleta de sangue venoso para extração de DNA pelo método de sílica e detecção de Ehrlichia spp. pela reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR), descrita por outros autoresg. Os resultados mostraram que a maioria dos animais apresentava mais de cinco anos (64,9%), residiam em área urbana (78,4%) e apresentavam ectoparasitas na consulta (59,5%). O exame parasitológico de sangue (EPS) foi realizado em dezessete animais, sendo positivo em três amostras para presença de hemoparasitoses (8,1% do total de amostras). A detecção molecular pelo qPCR demonstrou a ocorrência de dois casos positivos de Ehrlichia. Os animais infectados residiam nas cidades de Novo Hamburgo e Porto Alegre, sendo que ambos haviam viajado para outros estados, São Paulo e Goiás. Os sinais clínicos apresentados pelos cães positivos para EMC foram em 100% desses alopecia e em 50% descamação cutânea, convulsões, apatia, melena, febre, escore corporal reduzido e mucosas pálidas. Quanto às alterações hematológicas 100% possuía anemia e 50% trombocitopenia, leucocitose e leucopenia. Apenas um possuía exame de imagem, apresentando esplenomegalia e hepatomegalia. O EPS realizado com a amostra de um desses cães teve resultado negativo. Nenhum possuía ectoparasitas no momento da consulta. Esses resultados demonstram que há circulação de Ehrlichia em cães no estado. Novos estudos são necessários para identificação da espécie de Ehrlichia e a prevalência em cães do Rio Grande do Sul.