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ACESSIBILIDADE E QUALIDADE DE VIDA: PERCEPÇÕES DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA RESIDENTES EM TAQUARA – RS
Última alteração: 10-09-2019
Resumo
Com o aumento do número de pessoas com deficiência (PcD), tornam-se cada vez mais importantes os estudos com essa importante parcela da população, na tentativa de resgatar a cidadania e garantir a acessibilidade, sem exceções. Assim, objetiva-se analisar a percepção das PcD residentes em Taquara-RS sobre a sua própria acessibilidade, saúde e qualidade de vida (QV), além de caracterizar o perfil e identificar as principais necessidades das mesmas. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, amostra não probabilística, por conveniência, composta por 113 PcD. Em relação aos instrumentos de coleta de dados, foram utilizados dois questionários, aplicados através de entrevista individual: o Questionário para Caracterização do Perfil da Amostra, elaborado pelos autores do estudo; e o World Health Organization Quality of Life - Disabilities Module: o WHOQOL- DIS, para avaliação da QV para PcD. Os resultados indicam que houve discreto predomínio de participantes do sexo feminino (54%, n=61), com 60 a 69 anos (26%, n=29), casados (46%, n=52), com 4 ou mais filhos (36%, n=41), residentes em Taquara há 30 anos ou mais (67%, n=76), com 1º grau incompleto (66%, n=75) e renda mensal de 1 a 2 salários mínimos (82%, n=92). A maioria informou possuir deficiência motora (61%, n=69), adquirida (92%, n=104), apontando a barreira Arquitetônica como a que mais dificulta a sua acessibilidade (83%, n=94). As PcD apresentaram QV geral média de 49,89 (± 16,58), sendo que os domínios Relações sociais (62,4631 ± 16,85), Psicológico (60,3982 ± 13,82066) e Autonomia (63,34 ± 18,45) apresentaram maiores pontuações, ao passo que os menores escores foram observados nos domínios Físico (46,23 ± 15,17), Meio ambiente (53,0697 ± 10,52293) e Acessibilidade (46,84 ± 12,97). O sexo feminino esteve significativo e diretamente associado com escores mais baixos no domínio Discriminação (p<0,05), quando comparado ao sexo masculino. No que se refere a Autonomia, a faixa etária esteve inversamente associada ao escore médio desse domínio (p<0,05), indicando que, com o aumento da faixa etária, os participantes indicavam menor autonomia, assim como aqueles que moravam com a família, quando comparados com as PcD que moravam sozinhas (p=0,026; U= 632,0). Mesmo com os avanços atuais na teoria e na prática no que se refere à inclusão social das PcD, muitas ainda enfrentam duplamente os efeitos dessa vulnerabilidade social, logo, preservar a QV é imprescindível para que o quadro clínico e emocional instaurado possa ser superado. São diversas e variadas as dificuldades impostas por uma lesão que deixa marcas físicas e psicológicas, portanto o tratamento desses pacientes depende de cuidados profissionais de várias áreas e, também, daqueles realizados, geralmente pelos familiares. Destaca-se, ainda, a importância da tomada de consciência pelas PcD da situação em que vivem e das condições que podem ser transformadoras desse estado, reconhecendo-se como sujeito humano, com desejos, direitos e deveres.