Portal de Eventos da ULBRA., XXIV SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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AVALIAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO ENTRE A REALIZAÇÃO DE CRANIOTOMIA E A MORTALIDADE EM PACIENTES COM TRAUMATISMO CRÂNIOENCEFÁLICO
Natállia Boff de Oliveira, Deborah Luíza Christ Londero, Vitória Andrade Silva Raupp dos Santos, Tatiane Maidana Konzen, Davi Lazzari, Andressa Luísa Dallago, Andrea Regner, Daniel Simon, André Martins de Lima Cecchini

Última alteração: 06-09-2018

Resumo


O traumatismo cranioencefálico (TCE) é a principal causa de morbimortalidade em indivíduos entre 1 e 44 anos. O TCE grave apresenta mortalidade de 20-70%, e 100% dos sobreviventes apresentarão alguma sequela. Uma das medidas terapêuticas para esse tipo de trauma é a craniotomia - um procedimento cirúrgico no qual um fragmento ósseo é temporariamente removido do crânio para descomprimir e reduzir a pressão intracraniana. Contudo, uma possível relação entre a realização de craniotomia e mortalidade tem gerado controvérsias em relação às indicações desse procedimento no TCE. O objetivo do presente estudo foi analisar a potencial associação entre a realização de craniotomia e a mortalidade em pacientes com TCE grave internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Luterana do Brasil. Foi feita uma análise retrospectiva de uma coorte prospectiva realizada entre outubro de 2008 e setembro de 2011, em Porto Alegre e Região Metropolitana. Foram incluídas 427 vítimas de TCE grave (GCS<9 na admissão hospitalar) admitidas nas UTIs do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, do Hospital Cristo Redentor e do Hospital de Pronto Socorro Deputado Nelson Marchezan de Canoas. Os pacientes com TCE grave, que realizaram ou não craniotomia, foram acompanhados diariamente até o desfecho: morte ou alta da UTI. A amostra foi composta por 363 (85%) homens e 64 (15%) mulheres, a maioria (58%) apresentava lesões associadas ao TCE. A idade média dos pacientes foi de 36,0±14,7 (D.P.) anos. Quanto ao mecanismo do trauma, pôde-se observar que colisão com motocicleta, atropelamento e colisão automobilística e violência foram os mais prevalentes, com 110, 86, 61 e 103 pacientes, respectivamente. A maioria dos pacientes (92%) recebeu atendimento pré-hospitalar (APH) e 56% foram intubados ainda no APH. Houve correlação entre a não realização de intubação no APH e maior mortalidade (p=0,045). As médias dos escores na GCS na admissão hospitalar foram de 5,99±1,8 entre os sobreviventes e de 5,14±1,9 (D.P.) entre os não sobreviventes e houve correlação entre escores mais baixos de GCS e a mortalidade (p<0,001). De um total de 417 casos analisados, 49% realizaram craniotomia, mas não houve correlação entre a realização de craniotomia e a mortalidade (p=0,448) ou o escore na GCS na admissão hospitalar (p=0,257). Contudo, houve correlação significativa entre a realização de craniotomia e o mecanismo de lesão (p<0,0001) e a presença de lesões associadas ao TCE (p=0,002). Apenas 23% dos pacientes tiveram a pressão intracraniana monitorizada, enquanto 53% receberam manitol. A maioria (72%) dos pacientes internados na UTI apresentou infecção. A mortalidade na UTI foi de 31%, contudo o protocolo de morte encefálica foi aplicado em apenas 30% dos pacientes que evoluíram para o óbito. Assim, foi verificado que a realização de craniotomia não apresentou correlação com a mortalidade na UTI.


Palavras-chave


traumatismo crânioencefálico; craniotomia; prognóstico; mortalidade

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