Última alteração: 06-09-2018
Resumo
Introdução
O Plano de Ação Global de Saúde Mental 2013-2020 (WHO, 2013) recomenda a integração da saúde mental em serviços de saúde, a supervisão e apoio de especialistas e a ampliação do papel dos especialistas em Saúde Mental. Esta recomendação já está em curso em alguns municípios brasileiros mediante a adoção da metodologia de trabalho denominada Apoio Matricial em saúde mental na Atenção Primária à Saúde.
Objetivos
A pesquisa teve como objetivo geral investigar as especificidades do apoio matricial em saúde mental na Atenção Primária à Saúde na perspectiva dos profissionais dos Núcleos de Atenção à Saúde da Família (NASF).
Metodologia ou Material e Métodos
Pesquisa descritivo-analítica, com abordagem qualitativa. Os participantes do estudo foram 12 profissionais dos NASF de Porto Alegre, RS. Os instrumentos utilizados foram entrevistas semiestruturadas e grupo focal.A pesquisa foi submetida e aprovada pelo CEP da ULBRA.
Resultados e Conclusões
Os resultados evidenciaram a garantia de acesso à saúde mental com ênfase na equidade, a priorização dos casos de maior gravidade; as intervenções na perspectiva da saúde mental na atenção psicossocial. O grupo focal evidenciou NASF com diferentes características e modos de operar, de acordo com o tempo de criação, as características da equipe e do território. O compartilhamento do cuidado e as ações interdisciplinares são considerados aspectos positivos. O grupo focal ocorreu após uma greve dos profissionais e evidenciou-se um movimento de resistência em adotar as orientações da nova gestão. Os fatores dificultadores do trabalho são as trocas de profissionais, tanto de Atenção Primária como do próprio NASF; a não identificação destes com área da saúde mental e os desafios inerentes à transversalidade. As questões de ordem política e de gestão emergiram como um fator de insatisfação no grupo, em razão da troca dos gestores e de novas orientações e a utilização de protocolos clínicos. Conclui-se que o apoio matricial é um processo complexo, que envolve questões estruturais, epistemológicas, de gestão e políticas; estas últimas em razão da transição de governo e greve dos profissionais quando da realização da coleta dos dados assumiram relevo importante face a insatisfação com as novas diretrizes da nova gestão.