Akodon azarae (Fischer, 1929) é um pequeno roedor sul-americano com ampla distribuição pelo sul do Paraguai, no Uruguai, região central da Argentina e no extremo sul do Brasil, os quais são encontrados em pastagens abertas nos ecossistemas do Bioma Pampa, estando por vezes associados a agrossistemas. Morfologicamente a espécie apresenta alguma similaridade externa com outras espécies do gênero, diferenciando-se basicamente através de características crânio-mandibulares e pelo cariótipo com um 2n=38. Populações do extremo sul do Brasil vêm sendo pouco estudadas buscando estabelecer uma caracterização anatômica que a distinga entre as quatro espécies do gênero que ocorrem nessa região. O objetivo deste estudo é o de analisar de modo criterioso a ocorrência de dimorfismo sexual, na anatomia do sincrânio e nas medidas externas em Akodon azarae em amostra procedentes do Rio Grande do Sul, Brasil. A amostra consiste em 44 espécimes adultos (machos n = 25 e fêmeas n = 19) identificados através de análises do sincrânio (n=36), estrutura do cariótipo (n=4) e análises de sequências gênicas, utilizando fragmentos do gene mitocondrial Citocromo b (Cyt-b) (n=4), provenientes de 15 localidades do Rio Grande do Sul. O material se encontra depositado na Coleção de Mamíferos do Museu de Ciências Naturais da ULBRA (MCNU). Foram aferidas 25 medidas do sincrânio, destas 21 medidas são do crânio e quatro da mandíbula. Cinco medidas corpóreas foram transcritas do livro de registros do MCNU. Para comparar as médias de machos e fêmeas foi realizado o Teste – t de Student ou Mann-Whitney, como método não paramétrico (p < 0,05). Na busca por um padrão de tamanho e forma do sincrânio foi realizada a Análise de Componentes Principais (ACP). Os testes univariados evidenciaram que há diferença significativa em cinco medidas do sincrânio e uma externa, sendo as medidas dos machos maiores do que das fêmeas. O gráfico gerado a partir das Análise de Componentes Principais (ACP) mostrou muita sobreposição entre os escores de machos e fêmeas, o que não permite pressupor a ocorrência de dimorfismo sexual. Os dois primeiros Componentes Principais (PC) explicaram 88,8 % da variação, sendo 85,12 % pelo PC1 e 3,7 % pelo PC2. Como a espécie vem sendo pouco estudada morfologicamente, as informações deste estudo irão contribuir em trabalhos futuros de relações filogenéticas e na distinção morfológica das quatro espécies do gênero com ocorrência no Rio Grande do Sul. Este estudo faz parte de uma pesquisa mais abrangente sobre as espécies do gênero Akodon com ocorrência no Rio Grande do Sul, que busca estabelecer padrões diagnósticos, se possível, e sugerir uma distribuição geográfica mais precisa para cada táxon no estado.