Este trabalho tem o objetivo de apresentar publicações em páginas online de torcidas antifascistas de futebol e seu caráter pedagógico ao apresentar aos seus seguidores marcas culturais do futebol e maneiras de como agir respeitando a diversidade sexual e étnica. As torcidas antifascistas são organizações de pessoas que se valem do futebol para, além de torcer para seu clube preferido, compartilhar engajamento político contra quaisquer discriminações: seja lgbtfobia, racismo, misoginia, xenofobia ou outros preconceitos tidos como fascistas. Para disseminar tais ideias, essas torcidas utilizam as redes sociais e formam uma rede de compartilhamento de notícias, textos opinativos e educativos acerca do antifascismo e do futebol como elemento da cultura popular (CASTELLS, 2017). Existem ao todo 45 torcidas antifascistas brasileiras presentes no Facebook. Para este trabalho, avalia-se as fanpages das torcidas do Inter Antifascista, Grêmio Antifascista e a página Tribuna 77 – torcida organizada gremista engajada no antifascismo. Tal escolha levou em consideração que essas duas torcidas organizadas, juntas, representam as maiores torcidas do sul do Brasil (DATAFOLHA, 2018). O aspecto pedagógico das publicações emerge quando as torcidas, tanto de Internacional quanto de Grêmio, buscam mostrar a história do futebol, questões sociais fundamentais para a causa antifascista quase sempre fazendo relações com seus respectivos clubes, apresentam personalidades do esporte que representam o futebol alinhado à esquerda política – mesmo que sejam atletas de clubes rivais – e a participação do povo que faz o futebol. As postagens indicam, com uma linguagem didática, que futebol e política podem se misturar, que os negros são fundamentais para a história do futebol e da sociedade brasileiros, que não cabem mais no ambiente futebolístico xingamentos a homossexuais, articulados a outros ensinamentos sobre como os torcedores podem se portar socialmente dentro e fora do ambiente esportivo. Pode-se inferir a partir disso que as torcidas antifascistas de Internacional e Grêmio compartilham mensagens pedagógicas nas suas postagens acerca de modos possíveis de opor resistência aos conservadorismos institucionalizados na cultura do futebol brasileiro, algo chamado aqui de pedagogias antifascistas.