A soja, como monocultivo, requer a aplicação de uma ampla combinação de agrotóxicos e fertilizantes, considerados indispensáveis para manter a sanidade durante o desenvolvimento da planta e livrar a plantação de insetos e pragas. Os efeitos do uso dos agroquímicos cronicamente ainda não são totalmente conhecidos, sendo necessários estudos mais aprofundados. Uma ferramenta importante para o conhecimento dessas implicações é o Teste de Micronúcleo que busca avaliar os efeitos genotóxicos e o estudo da influência de alguns genes de metabolização sobre esses danos. O objetivo do estudo é a avaliação de possíveis efeitos genotóxicos da exposição ocupacional aos agrotóxicos entre os sojicultores do município de Espumoso (Rio Grande do Sul – Brasil), por meio do Teste de Micronúcleos em Mucosa Oral e verificar a influência dos genes de metabolização PON1, GSTM1, GSTT1 e GSTP1 nos danos ao DNA. Foram avaliados 170 indivíduos, 115 do grupo exposto e 55 do não exposto. Foi realizado o Teste de Micronúcleos em Mucosa Oral, onde a mucosa foi coletada com auxílio de uma cytobrush e a genotipagem foi realizada através da técnica de PCR. A idade média dos indivíduos do grupo não exposto foi de 48 ± 11,8 e do grupo exposto foi de 50 ± 10,4. Através do teste de Micronúcleos em Mucosa Oral é possível perceber aumento significativo de danos ao DNA, através do aumento de células micronúcleadas e com BUD nuclear/broken eggs, e ainda houve um aumento significativo de morte celular entre os indivíduos expostos em ralação aos não expostos. Foi percebido aumento significativo de micronúcleos entre indivíduos expostos com genótipo PON1 Gln/Gln. Não foi significativa a relação da presença de micronúcleos entre indivíduos expostos e não expostos com os genes GSTM1, GSTT1 e GSTP1. Nosso estudo demonstrou a presença de efeito mutagênico e morte celular em células da mucosa oral de trabalhadores rurais expostos a diferentes classes de agroquímicos durante o plantio da soja, principalmente aos carbamatos e organofosforados. Além disso, é possível perceber a influência do genótipo em PON1 durante o metabolismo de organofosforados e carbamatos e seu efeito sobre o dano no DNA entre os indivíduos expostos. .Esses resultados alertam sobre o risco genético relacionado à exposição resultante do uso intensivo de agroquímicos e a influência de genes de metabolização que parecem estabelecer importante função na instabilidade genômica.