Última alteração: 31-08-2018
Resumo
A população quilombola tem sofrido várias formas de preconceito, não só por serem negros, mas também por serem pobres. A partir desse histórico e da situação atual dos quilombos, considerou-se pertinente escolher o grupo a ser pesquisado neste local, pela sua vulnerabilidade e pelo fato de que a identidade dos que lá residem sofre a influência tanto dos aspectos históricos ligados ao quilombo, quanto dos preconceitos atualmente ainda existentes na sociedade, que os julga como pobres e muitas vezes marginalizados por serem negros e viverem num quilombo. A presente pesquisa segue a linha de pesquisa intitulada Desenvolvimento Humano, do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde da Universidade Luterana do Brasil. Tem como objetivo conhecer como os residentes quilombolas que exercem liderança percebem sua condição de negros e pertencentes a este grupo vulnerável e como percebem o exercício de suas tarefas. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, realizado com seis líderes quilombolas, sendo dois adolescentes, dois adultos e dois idosos, do Quilombo do Areal, localizado em Porto Alegre, RS. Foram coletadas narrativas de vida, enfocando a identidade de líder de um quilombo, através de entrevistas abertas, com questões norteadoras, que abordaram histórias de vida e o significado de ser morador de quilombo. As entrevistas foram realizadas na Associação dos Moradores do Quilombo do Areal, em Porto Alegre, RS. Esta pesquisa foi protocolada no Comitê de Ética da Universidade Luterana do Brasil, sob o parecer de aprovação de número 2.625.157, de 27 de abril de 2017. Os dados foram gravados em áudio e vídeo e, posteriormente, transcritos. Com base na articulação com os estudos identitários, é possível ao pesquisador, por meio da análise das narrativas, observar como narradores e personagens narrados são discursivamente construídos. Para conhecer a percepção dos moradores, está sendo utilizada a técnica de análise de conteúdo temática, proposta por Minayo. Como resultados parciais, verificamos o fato de que há diferenças significativas entre a percepção de adolescentes e adultos e idosos. Adultos e idosos referiram não se sentirem discriminados por serem negros e moradores de Quilombo, ao contrário dos adolescentes, que referiram sofrer bulliyng na escola e em ambientes públicos como shoppings e comércio em geral. Os idosos referiram sentir-se discriminados em função da idade, mas nunca terem percebido discriminação pela sua negritude ou pelo local onde moram. Entre as conclusões parciais, constatamos que esses resultados apontam para a necessidade de ampliação desta amostra para que se possa entender melhor o que leva a esta percepção ser tão diferente entre jovens e adultos e idosos.