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A AGENDA DA DIVERSIDADE NA CULTURA POP: O APELO FEMINISTA DAS SÉRIES SUPERGIRL E AGENTE CARTER
Última alteração: 26-09-2017
Resumo
A ampla circulação, nos últimos quinze anos, de discursos em favor de grupos minoritários nas mídias, como LGBTs, pessoas negras e mulheres, popularizoudiscussões sobre feminismo, racismo e LGBTfobia e tornou mais acessíveis a públicos bastante diversos informações sobre as lutas por direitos ereconhecimento destes grupos. A centralidade das mídias neste processo ultrapassa o seu papel de ambiente de veiculação destas disputas - na forma,por exemplo, de notícias publicadas ou da consolidação da internet como lugar para expressão e afirmação identitária de sujeitos vinculados a grupos minoritários - transformando a própria produção simbólica que delas se origina em espaço de demanda por diversidade e qualidade nas representações produzidas. Entendemos, a partir de Douglas Kellner (2001, p. 134), a cultura da mídia como “um terreno de disputa que reproduz, em nível cultural, os conflitos fundamentais da sociedade, e não como instrumento de dominação”. No que se refere à indústria do entretenimento, mais especificamente, é notável o modo como o segmento vem tentando responder às mobilizações sociais em torno destas questões, fundamentais no presente, ao mesmo tempo em que também capitaliza enquanto atende (ainda que de forma limitada) a estas demandas. Este trabalho se insere neste debate visando discutir a construção da trama de duas séries televisivas contemporâneas que foram lançadas em 2015 e possuem protagonistas mulheres oriundas de histórias emquadrinhos: Supergirl (DC Comics/CBS) e Agente Carter (Marvel Comics/ABC). Parte-se do pressuposto de que ambas as obras respondem a uma demanda por diversidade na cultura da mídia que é própria do tempo presente, respondendo principalmente ao público feminino e à terceira onda do feminismo. A partir de Canclini (1995, p. 23), afirma-se que as obras procuram inserir elementos de cidadania e direitos, falando de um estado de luta pelo reconhecimento dos outros como sujeitos de “interesses válidos, valores pertinentes e demandas legítimas”. Ainda que sejam obras de ficção baseadas em histórias em quadrinhos, as adaptações para o audiovisual na presente época modificaram aspectos físicos e psicológicos dos personagens. A existência de casais interraciais, personagens homossexuais importantes e críticas implícitas às políticas de imigração dos Estados Unidos fazem parte da construção das tramas. Conjectura-se que as histórias contadas nestes produtos não visam somente representar a mulher biologicamente ou responder algum anseio por protagonismo, mas responder às demandas consideradas relevantes pela agenda feminista atual.
Palavras-chave
Cultura da mídia; Representações de gênero; Narrativas audiovisuais; Agente Carter; Supergirl
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