O bem-estar animal está relacionado tanto ao seu estado físico quanto ao seu estado mental, pois se sabe que os estímulos recebidos pelo indivíduo influenciam diretamente no seu comportamento. O enriquecimento ambiental é um método que há muito tempo tem demonstrado benefícios aos animais de laboratório, pois ele permite que expresse o seu comportamento natural. Compreendendo a etologia da espécie, teremos o conhecimento de suas necessidades, sendo possível assim satisfazê-las. Em instalações de produção de animais de laboratório, além do bem-estar destes, os índices zootécnicos de uma linhagem devem ser monitorados, pois possibilitam a avaliação da eficácia reprodutiva e fisiológica do animal. Considerando que a linhagem Lewis é caracterizada como ansiogênica, apresentando baixa fertilidade e que o enriquecimento ambiental é um método que proporciona melhoras na qualidade de vida do animal, este trabalho tem como objetivo avaliar a influência do enriquecimento ambiental sobre a produção de ratos Lewis criados e mantidos, em padrão sanitário convencional, no Centro de Cardiologia Experimental (CCE) do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre. As condições ambientais incluíram fotoperíodo de 12 horas claro/escuro, temperatura (21 a 24ºC) e umidade (55+5%). Os acasalamentos foram mantidos em gaiolas identificadas, com cama de maravalha de pinus selecionada e autoclavada e receberam ração padrão e água ad libitum. Durante cinco meses foram analisados os índices zootécnicos e o comportamento dos animais de três acasalamentos monogâmicos mantidos em caixa padrão para espécie, caracterizando ambiente nu, e três acasalamentos alojados em caixas padrão enriquecidas com canos de PVC (20 x 8cm) alternados com papel toalha e máscaras de cirurgia estéreis. Embora os índices analisados não tenham apresentado diferença estatística, percebeu-se um melhor desempenho dos reprodutores com enriquecimento ambiental. As taxas de natalidade e prolificidade dos acasalamentos com enriquecimento foram de 100% e 19%, respectivamente, enquanto que essas taxas em acasalamentos sem enriquecimento foram de 95% e 7%, respectivamente. Os dois grupos apresentaram taxa de mortalidade ao desmame igual à zero. A taxa de produtividade da linhagem Lewis com o enriquecimento foi de 35%, enquanto que sem enriquecimento foi 18%. Os acasalamentos sem enriquecimento ambiental apresentaram sinais de estresse, indicados pela presença de porfirina nos olhos e narinas, além de piloereção. Mesmo diante da característica de baixa fertilidade inerente à linhagem Lewis, os animais mantidos em ambiente enriquecido apresentaram um melhor desempenho reprodutivo e não apresentaram sinais de estresse. Concluímos assim que a presença de objetos promoveu maior bem-estar aos animais, denotando então a importância de se adotar o enriquecimento ambiental, não apenas para diminuir o estresse como também para o aumento na produção de linhagens com baixa produtividade.