Portal de Eventos da ULBRA., XXIII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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Páginas das torcidas organizadas antifascistas de futebol: uma primeira aproximação
Alison Rodrigues Soares, Luiz Felipe Zago

Última alteração: 17-09-2017

Resumo


As torcidas antifascistas de futebol no Brasil estão cada vez mais participativas nas plataformas on-line (Facebook) e off-line (arquibancadas de estádios de futebol), aos moldes do que discute Manuell Castells (CASTELLS, 2017). A primeira torcida brasileira a se intitular antifascista foi a “Ultra Resistência Coral”, composta por fãs do Ferroviário Atlético Clube, do Ceará, em 2005. Desde então, mais 34 torcidas, de todas as regiões do Brasil, apareceram no Facebook com a autodenominação antifascista. Nessa observação inicial pôde-se ver que há uma abertura à integração e amizade entre as páginas das torcidas antifascistas e, simultaneamente, um estímulo ao engajamento político que podem ser resumidos na frase de uma faixa da torcida do Ferroviário: “Nem guerra entre as torcidas e nem paz entre as classes”. Faz-se aqui uma primeira aproximação com o objetivo de compreender como essas torcidas utilizam as redes sociais para se organizarem e se comunicarem com o público em geral, interessado ou não pelo futebol e pelas orientações antifascistas, usando como referência a definição de mídia radical alternativa (DOWNING, 2004). Para alcançar esse objetivo, analisa-se quantitativamente seis páginas de Facebook de torcidas antifascistas. Utiliza-se como critério de escolha das páginas o número de curtidas das “fanpages”. Foram escolhidas as páginas mais curtidas de cada região do Brasil. É possível indicar que as páginas das torcidas antifascistas apresentam engajamento bastante menor nas redes sociais se comparadas às páginas das torcidas organizadas tradicionais. O caso mais claro dessa discrepância é o da torcida do Grêmio: enquanto a página “Grêmio Antifascista” tem cerca de 9 mil curtidas, a página da “Geral do Grêmio”, torcida organizada mais famosa do clube, tem 510 mil. Entretanto, vale mencionar a exceção da regra que é do já citado Ferroviário. A página tem 2,8 mil curtidas na “fanpage” da “Ultra Resistência Coral”, enquanto a maior torcida organizada tradicional do mesmo clube, que é a “Torcida Falange Coral”, tem apenas 1,5 mil curtidas. Infere-se que a articulação entre futebol e política, tal como acontecem nas páginas analisadas, inserem tópicos sensíveis à cultura do futebol no Brasil e que isso interfere diretamente na diferença de engajamento entre as páginas de torcidas antifascistas e torcidas organizadas tradicionais. As páginas antifascistas não permitem quaisquer manifestações preconceituosas e violentas como atitudes homofóbicas, racistas e machistas.


Palavras-chave


Futebol; Redes Sociais; Política.

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