Portal de Eventos da ULBRA., XXIII SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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As Trajetórias de Médicos Negros e a Escola-Médico Cirúrgica no Pós-Abolição em Porto Alegre/RS: Entre protagonismos e ausências
Vitor da Silva Costa

Última alteração: 14-09-2017

Resumo


O presente projeto de pesquisa dá continuidade às pesquisas realizadas sobre a história e a cultura afro-brasileira no jornal O Exemplo, primeiro periódico da imprensa negra rio-grandense, com sede em Porto Alegre/RS, que circulou entre os anos de 1892 e 1930. O objetivo central deste projeto é mapear e analisar a trajetória de três médicos negros colaboradores do jornal O Exemplo: Arnaldo Dutra (1888-1929), Alcides Feijó Chagas de Carvalho (1893-1958) e Diógenes Baptista (1891-1962) e salientar a história da Escola Médico-Cirúrgica de Porto Alegre (1915-1941), onde esses médicos se graduaram. Busca-se visibilizar a trajetória desses médicos negros no pós-abolição e destacar a presença da Escola Médico-Cirúrgica na História da Medicina de Porto Alegre. O enfoque teórico desta pesquisa são os Estudos Culturais em Educação, particularmente, os estudos sobre mídia, educação e identidades. Neste contexto teórico, o jornal O Exemplo é entendido como um artefato cultural produtor de pedagogias culturais que contribuem na construção de identidades de sujeitos negros (as) em Porto Alegre/RS. Trata-se de uma abordagem interdisciplinar que visa contemplar os desafios ligados ao estudo da identidade negra na contemporaneidade. Na bibliografia utilizada destaca-se o estudo pioneiro de Beatriz Weber (1999) sobre a História da Medicina, a dissertação de mestrado de Felipe Vieira (2009), o estudo de James Woodard (2014) sobre o médico negro Casemiro da Rocha e também o trabalho de Arilson Gomes (2016) sobres os médicos negros Luciano Panatieri e Veridiano Farias. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa documental, com análise de conteúdo, que cruza várias fontes de pesquisa, entre elas: As Atas Administrativas da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (1916-1918), os Memorandos da Escola Médico-Cirúrgica, um Processo Crime impetrado por alunos da Escola Médico-Cirúrgica, Relatórios da Escola Médico-Cirúrgica, o livro Panteão Médico Rio-Grandense e os jornais O Exemplo e A Federação. Os resultados parciais desta pesquisa demonstram que a Escola Médico-Cirúrgica formou médicos negros durante o tempo em que existiu e que neste período foi duramente combatida por alguns médicos da Faculdade de Medicina. Se constatou também que esses três médicos negros que se graduaram na Escola Médico Cirúrgica ficaram ausentes da História da Medicina de Porto Alegre e ao longo de suas trajetórias enfrentaram um duplo desafio na construção de suas identidades: como sujeitos negros, enfrentando o preconceito racial, e como médicos, lutando contra as acusações desqualificantes de sua própria classe profissional. Dessa forma, essa pesquisa contribui tanto para visibilizar o protagonismo de médicos negros na História da Medicina de Porto Alegre e melhor entender sua formação e construção identitária no pós-abolição, como para salientar a presença da Escola Médico Cirúrgica, cuja trajetória foi desacreditada e combatida, resultando no seu fechamento na década de 1940.


Palavras-chave


Imprensa Negra, Médicos Negros; Escola Médico-Cirúrgica; Estudos Culturais, Identidades

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