Última alteração: 14-09-2017
Resumo
Este trabalho integra o projeto de pesquisa “Inserção Urbana de Estabelecimentos de Saúde no Litoral Norte do RS”, que analisa relações entre estes equipamentos e seu entorno, ao nível da estrutura urbana e também do pedestre. Iniciado em 2015, o projeto objetiva acurar as ferramentas de análise e estabelecer um método modelo, aplicável a outros contextos. Este modelo, ainda em construção, vem sendo estruturado em etapas, especialmente na avaliação da qualidade da paisagem do pedestre. A cada etapa, são incorporadas novas ferramentas de análise e avaliada sua qualidade instrumental. Aqui, adota-se o método de análise comparativa para avaliar os prós e contras das sucessivas ferramentas e os desdobramentos futuros na consolidação do modelo. Não são apresentados resultados da pesquisa em si, mas sim a avaliação das ferramentas. Na primeira etapa, foi elaborada uma ficha cadastral baseada em referenciais da arquitetura hospitalar e do urbanismo, incluindo os princípios de vitalidade urbana de Jane Jacobs. Na segunda etapa, para analisar as práticas cotidianas dos usuários no entorno dos hospitais, adotou-se a Observação Participante, que propõe a imersão do pesquisador em campo e permite compreender a atuação dos indivíduos por comunicação direta, observação in loco e registros fotográficos. Esta ferramenta qualitativa, ancorada na percepção do pesquisador, considerou como categorias: aspectos socioculturais; deslocamentos; percursos; interfaces e lugares. Ao final desta etapa, observou-se que as categorias se mantinham válidas, porém a ferramenta era totalmente baseada na percepção, carecendo de dados quantitativos. Em 2016, adotou-se os 12 critérios de qualidade da paisagem do pedestre de Jan Gehl, numa escala de bom, mediano e ruim, para analisar se o entorno dos hospitais oferecia proteção, conforto e bem-estar aos usuários. Apesar do amplo espectro de categorias, se mostrou ainda dependente da percepção do pesquisador e ofereceu poucos parâmetros quantitativos. Assim, em 2017, adotou-se uma nova ferramenta: o Índice de Caminhabilidade, organizado pelo ITDP, com 21 indicadores em seis categorias: segurança viária e pública, mobilidade, calçada, ambiente e atração. Ao pesquisador coube apenas a coleta de dados e pontuação de 0 a 3, conforme critérios do índice. A ferramenta pormenoriza os itens, porém elimina a percepção do pesquisador pela análise excessivamente quantitativa, além de ser muito focada na realidade da metrópole, dificultando a aplicação em cidades menores. Conclui-se que cada ferramenta oferece contribuições, porém nenhuma abrange as dimensões quantitativa e qualitativa. Por este motivo, entende-se que o método modelo, a ser finalizado até o final do ano, deve incorporar as duas dimensões, valorizando a percepção do pesquisador. Conclui-se ainda que é necessário sintetizar as categorias de análise em três grandes eixos: Segurança, Mobilidade e Ambiente, incorporando subitens de cada ferramenta, porém simplificando sua aplicação.