Introdução: O Plano de Ação Global de Saúde Mental 2013-2020 defende o cuidado em saúde mental às populações mediante ações de prevenção, cuidado, recuperação, promoção dos direitos humanos, redução de mortalidade, morbidade e incapacidade (WHO, 2013). A oferta de serviços de saúde mental na Atenção Primária à Saúde perpassa as relações de trabalho e a organização e integração da Rede de Atenção à Saúde e Rede de Atenção Psicossocial o que, em última análise, remete aos recursos humanos dos serviços. Objetivo: A pesquisa tem por objetivo geral investigar as especificidades do apoio matricial em saúde mental na Atenção Primária à Saúde, na perspectiva de especialistas, generalistas da Atenção Primária e gestores. Metodologia: pesquisa descritivo-analítica, com abordagem qualitativa. Os sujeitos do estudo foram profissionais especialistas (apoiadores matriciais) vinculados aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e aos serviços de saúde mental, generalistas da Estratégia Saúde da Família e gestores do município de Porto Alegre, RS. Os instrumentos utilizados foram entrevistas semiestruturadas e grupos focais. Para a análise dos dados das entrevistas semiestruturadas utilizou-se a análise de conteúdo, na modalidade temática, proposta por Minayo (2010) que compreende: a ordenação, a classificação e a análise final dos dados. Resultados: a análise de um grupo de participantes, os apoiadores do NASF evidenciaram a necessidade de ampliar espaços de discussão de casos entre os profissionais da Atenção Básica, NASF e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em especial aos pacientes em crise; a frágil participação e controle social no processo do cuidado em saúde mental; a educação permanente como um recurso imprescindível, tanto para os profissionais que atuam na ESF quanto aos que atuam nos CAPS. Os participantes apontaram que os profissionais das equipes de Estratégia Saúde da Família devem ser os ordenadores do cuidado em saúde no território e para a Rede de Atenção à Saúde pelo conhecimento, proximidade e vínculo com os usuários do SUS. Dentre as dificuldades relatadas pelos participantes está a preocupação com a continuidade e o fortalecimento do trabalho do NASF no âmbito municipal; a complexidade dos casos atendidos; o desafio diário frente à demanda e a oferta de atendimento dos Centros de Atenção Psicossocial. Um aspecto considerado um ponto favorável diz respeito à inserção e contribuição dos Residentes de diferentes Instituições de Ensino no trabalho desenvolvido. Conclusões Parciais: o trabalho desenvolvido pelos apoiadores dos NASF constitui-se em um recurso importante a descentralização e ampliação da atenção em saúde mental no território, mediante ações de supervisão, prevenção e educação permanente.

Referências:

Minayo, M.C.S. (2010). O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. (12nd ed.). São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec/Abrasco; 2010.

World Health Organization. Comprehensive mental health action plan 2013–2020. Geneva: WHO; 2013.