A profissão da docência constitui-se por diversos desafios que demandam uma atuação competente na prática pedagógica, a qual torna-se cada vez mais complexa no atual contexto. Compreende-se que o professor contribui para a formação de pessoas que atuam comprometidas com o bem comum de todos, ou seja, do ser humano na sua relação com a vida. Assim, ser professor é viver intensamente uma profissão comprometida com a vida na sua plenitude; é conectar-se consigo mesmo, com o outro e com o meio no qual está inserido, lendo necessidades e demandas que estão a sua volta e criando possibilidades de atuação e intervenção pedagógica e educativa. Em pesquisa realizada em uma escola de Ensino Médio, em Palmas-TO, analisou-se a constituição subjetiva de alguns professores na perspectiva de compreender como vivem a docência de maneira ativa e propositiva frente aos problemas do cotidiano (GALLERT, 2016). A investigação fundamentou-se na Teoria da Subjetividade (GONZÁLEZ REY, 2005; 2010) e a metodologia nos pressupostos da Epistemologia Qualitativa. Compreende-se a subjetividade humana como um sistema complexo, contraditório, dinâmico e aberto, que se faz e refaz constantemente no processo contínuo da produção de sentidos subjetivos. Tal produção organiza-se de infinitas maneiras na vida das pessoas, constituindo configurações subjetivas, ou seja, organizações fluidas e complexas que se modificam nos processos vividos. A pesquisa possibilitou uma compreensão da constituição subjetiva de professores que encontram e criam possibilidades de atuação, que continuam e permanecem “vivos” no cotidiano escolar, apesar dos desafios institucionais, sociais, políticos, econômicos e culturais, bem como do convívio diário com colegas que se encontram desanimados e desesperançosos com a profissão que escolheram. Isso não significa que haveria uma resposta ou solução para a complexidade das situações vividas no cotidiano das escolas. Ao invés disso, a pesquisa contribui com construções interpretativas frente às produções subjetivas que integram os posicionamentos, as ações e as proposições de professores que vivem a docência como um cenário de possibilidades positivas de intervenção. Ao atuar em um contexto de tensão, posicionamento, confronto e reflexão, entende-se que um professor que assume efetivamente com comprometimento a profissão da docência, tem a possibilidade de ser considerado sujeito da sua ação, pois, apesar das adversidades, busca espaços e estratégias para sua atuação.