Última alteração: 28-10-2024
Resumo
O brincar é um momento fundamental para a formação humana. Nessa perspectiva, o objetivo do trabalho é relatar a experiência de estágio e analisar a importância do brincar para o desenvolvimento social de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), do Projeto Água Azul. A intervenção do estágio de Núcleo Comum II, do curso de Psicologia (Unilasalle), realizada no segundo semestre de 2024, envolve a observação e registro de interações durante as sessões com os pacientes, utilizando um protocolo adaptado de Sanini (2011), para avaliar a competência social. As ações do projeto ocorrem uma vez por semana, com duração de 50 minutos, e incluem sessões lúdico-terapêutica, atividades aquáticas e rodas de conversas com as famílias dos participantes. A mediação das atividades é realizada por equipe composta por profissionais, estagiários e estudantes voluntários de psicologia, psicopedagogia, letras, fonoaudiologia, educação física e quiropraxia, que reúnem-se semanalmente, caracterizando a interdisciplinaridade das ações. As intervenções ocorreram em grupo de seis crianças com TEA, com nível de suporte 2 e 3, com idades entre 5 e 10 anos. As observações focaram na interação entre pares durante os momentos do brincar. Alguns participantes tiveram dificuldades de permanecer o tempo integral da sessão lúdico-terapêutica, sendo necessário realizar adaptações em relação à permanência. Os resultados parciais indicaram que o brincar simbólico, promoveu o desenvolvimento de habilidades sociais e a construção de relações mais significativas entre os pares. A análise dos dados à luz da teoria psicanalítica, especialmente das contribuições de Winnicott sobre o espaço transicional, evidenciou-se pelo papel fundamental do brincar como facilitador da expressão emocional e da construção da identidade. Concluiu-se que a experiência do estágio tem sido enriquecedora, proporcionando contato com o brincar, que se constituiu como uma ferramenta terapêutica eficaz para a promoção e o desenvolvimento integral de crianças com TEA, corroborando a importância de projetos de extensão que ofereçam esse tipo de intervenção. Reconhece-se limitações inerentes ao período de acompanhamento restrito e almeja-se estabelecer parcerias com as escolas dos participantes, a fim de desenvolver um plano terapêutico compartilhado, potencializando os benefícios do brincar de maneira integrada com as ações da família, escola e comunidade.