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A adolescência é um período em que ocorrem intensas transformações físicas e psicológicas. Nessa fase, torna-se fundamental identificar fatores de risco e proteção associados a condições adversas, tais como os eventos climáticos ocorridos no RS. O estudo teve com objetivo relatar as repercussões das enchentes na percepção de adolescentes. Ainda, buscou-se compreender os sentimentos de estudantes afetados direta e indiretamente pelas inundações. Trata-se de relato de experiência, com delineamento qualitativo, transversal. Participaram 49 alunos, com idades entre 12 e 14 anos, cursando o sétimo ano do ensino fundamental, de três turmas, de duas escolas municipais de Canoas/RS. Foram realizados grupos focais com entrevista semi-estruturada, desenhos e produção textual. Os resultados foram gravados e transcritos, submetidos à análise de conteúdo qualitativa de Bardin. Os dados preliminares foram organizados em categorias acerca dos sentimentos sobre a enchente na percepção dos estudantes. Os participantes apresentaram sentimentos ambivalentes acerca das cheias. Os alunos que não foram atingidos diretamente, mas cujas famílias ofereceram abrigo em suas casas, sentiram dificuldades com as mudanças pela ocupação dos espaços, mas relataram compreender tanto a necessidade de empatia como de repensar as políticas públicas para a população. Os estudantes afetados descreveram sentimentos que variaram de tristeza, medo, raiva, terror, ansiedade até desespero por perder a casa, mas de satisfação com o retorno ao lar e à escola. Os desenhos representaram o impacto do desastre na vida dos adolescentes, bem como os textos produzidos sobre o evento climático extremo vivenciado. Compreender fatores que impactam a saúde mental de adolescentes pode contribuir para o planejamento de futuras intervenções nessa fase do ciclo vital, incluindo o cenário de emergências e desastres