Última alteração: 03-09-2018
Resumo
Introdução
O uso de bloqueios locais é utilizado em associação à anestesia geral nos procedimentos que possuem graus variados de dor. Na medicina veterinária, são pouco utilizados isoladamente devido à dificuldade de manipulação e contenção dos pacientes.
Objetivos
Relatar um caso de utilização de bloqueio local para debridamento de lesão em cadela prenhe.
Relato de caso
Canino, fêmea, 5 anos de idade, com de lesão extensa de pele em região de abdome ventral devido à queda sobre lança, o animal apresentava gestação de 40 dias. Foi realizado ultrassom e os fetos apresentavam viabilidade. Paciente foi internado e instituiu-se tratamento clínico utilizando medicamentos que não afetassem a viabilidade fetal, que foram acompanhados através de exames de ultrassom. Após 4 dias de tratamento foi observado necrose na lesão e optou-se pela realização de debridamento e como terapia adjuvante aplicação de ozônio por via subcutânea no ferimento. Para o procedimento optou-se pela realização de bloqueio local, utilizando lidocaína com vasoconstritor (7mg/kg) pelo fato de animal estar prenhe (figura 1). Na ferida, retirou-se tecidos necróticos e procedimento para reavivamento dos bordos. Como analgésico sistêmico optou-se pelo opióide tramadol 4mg/kg, por via subcutânea, 15min antes do procedimento. O animal mostrou-se colaborativo e não foi necessário realização de anestesia geral ou suplementação de analgesia transoperatória pois não houve alterações significativas nos parâmetros vitais. Após procedimento a ferida foi tratada por cicatrização como segunda intenção.
Resultados e Conclusões
O debridamento de feridas é necessário quando as lesões tratadas de forma clínica não demonstram melhora e apresentam pontos de necrose, a fim de acelerar o processo de cicatrização (Slatter, 1998). Se tratando de procedimento cirúrgico que causa dor se torna necessário a utilização de protocolo anestésico que pode ser realizado através de bloqueios que podem ser realizados no leito da ferida (Steed, 2004), porém como os pacientes geralmente não são colaborativos se torna necessário a anestesia geral associada aos bloqueios. Neste caso optou-se por bloqueio local, pois animal estava colaborativo e para evitar comprometimento dos fetos. Muitas vezes na medicina veterinária opta-se por realizar anestesia geral no animal pela praticidade na manipulação e segurança dos profissionais envolvidos. Porém, torna-se necessário repensar a real necessidade da realização destas anestesias e lançar mão de técnicas menos invasivas, diminuindo os riscos nos pacientes mais debilitados, sem deixar de prestar um atendimento de qualidade.