Última alteração: 03-09-2018
Resumo
O querosene tem sido o principal combustível utilizado em aviação. Há poucos trabalhos, entretanto, buscando alternativas renováveis para substituir o querosene. Uma das linhas estudadas é a sua obtenção por craqueamento de óleos vegetais. O combustível é obtido, no entanto, em misturas com frações mais leves, como a gasolina, ou mais pesadas, como o diesel. Alternativamente, há estudos que propõem a mistura do biodiesel no querosene. Ésteres graxos obtidos de óleos tradicionais como soja ou canola apresentam tendência à cristalização a frio e à oxidação que limitam sua aplicação como combustível de aviação. Diferente dos óleos tradicionais, cerca de 80 % dos ácidos graxos encontrados como triacilgliceróis nos óleos de algumas palmáceas apresentam cadeias que variam de 8 a 16 carbonos. O produto da transesterificação destes óleos, assemelha-se quimicamente aos hidrocarbonetos que compõem o querosene, podendo tornar-se uma alternativa renovável a este combustível (LLAMAS et al., 2012). O querosene de aviação é, hoje, a mais nobre das frações do petróleo. No Brasil, o querosene de aviação consumido é parcialmente importado. O objetivo deste trabalho foi a obtenção de ésteres graxos etílicos por transesterificação dos azeites de butiá e jerivá, e de gorduras de coco, palmiste e babaçu, e avaliar o potencial emprego como biocombustível. A transesterificação foi conduzida em duplo estágio, empregando catálise básica seguida de ácida (GUZZATO et al., 2012). Os produtos foram caracterizados pelos seguintes ensaios: pureza (GUZZATO, 2012), composição (CG-FID), viscosidade cinemática (ASTM D445), massa específica, análise térmica, poder calorífico (ASTM D4808-13), e oxidazibilidade (YAAKOB et al., 2014). Em todos os casos, os ésteres graxos foram obtidos com purezas estimadas como teores de ésteres graxos superiores a 96,5 %. As misturas são constituídas em majoritariamente por cadeias com comprimentos de 8 a 14 carbonos (58 % ou superior) e predominantemente saturadas (65 % ou superior). A estimativa da oxidizabilidade alta estabilidade aos ésteres graxos derivados de palmáceas, com potencial de oxidação 20 vezes menor do que o biodiesel de soja. A curva de destilação obtida por análise térmica sugere que estes combustíveis possam ser empregados como bioquerosene, pois os limites do intervalo de temperatura de perda de massa são semelhantes aos do combustível fóssil. O conjunto dos resultados indica o uso como biodiesel, baseado em informações contidas na resolução nº 45 da ANP.
guzatto, r.; defferrari, d.; reiznautt, q.b.; cadore, i.r.; samios d.; Transesterificaion double step process modification for ethyl ester biodiesel production from vegetable and waste oils. Fuel, Vol. 92, p. 197. 2012.
Llamas, A.; Garcia-Martínez, M.-J.; Al-Lal, A. M.; Canoira, L.; Lapuerta, M.; Biokerosene from coconut and palm kernel oils: Production and properties of their blends with fossil kerosene. Fuel, Vol.102, p. 483. 2012.
YAAKOB, Z.; NARAYANAN, B. N.; PADIKKAPARAMBIL, S.; UNNI, S.; AKIBAR, P.; A review on the oxidation stability of biodiesel. Renewable and Sustainable Energy Reviews, Vol. 35, p. 136. 2014.
Descritores: bioquerosene, biocombustíveis, palmáceas, transesterificação.