O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto de traumatismo alvéolo-dentário (TAD) na qualidade de vida relacionada à saúde bucal (QVRSB) em adolescentes de Santo Ângelo, RS – Brasil. Estudo transversal foi realizado com 775 escolares de 11 a 14 anos de idade de escolas públicas. Um examinador treinado e calibrado avaliou a presença de maloclusão (Dental Aesthetic Index – DAI), cárie dentária (WHO) e traumatismo alvéolo-dentário (Andreasen). Os adolescentes preencheram o questionário Child Perceptions Questionnaire (CPQ11-14) – forma curta para mensurar o desfecho e seus pais e/ou responsáveis responderam um questionário estruturado referente aos dados sociodemográficos. Os resultados foram analisados através de Regressão de Poisson com variância robusta bruta e ajustada para potenciais variáveis de confusão. Os resultados demonstraram que a prevalência de TAD foi de 11,3%. A análise multivariada demonstrou que adolescentes do gênero feminino (RM 1,21; IC 95% 1,08-1,35) e filhos de mães de baixa escolaridade (RM 1,22; IC 95% 1,08-1,41) tiveram pior QVRSB. Adolescentes com TAD apresentaram 32% maior impacto negativo na QVRSB quando comparados a adolescentes sem TAD (RM 1,32; IC 95% 1,13-1,55). Além disso, o impacto de TAD foi 30%, 53% e 59% maior nos domínios limitação funcional, bem-estar emocional e bem-estar social, respectivamente. Conclui-se que a presença de TAD impacta na QVRSB de adolescentes, especialmente em relação aos aspectos psicossociais, sugerindo que TAD é desfecho clínico relevante que deve ser priorizado nas políticas públicas de saúde bucal.