Portal de Eventos da ULBRA., XVIII FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Tamanho da fonte: 
Uma análise do impacto do ensino de Filosofia no desempenho escolar
Renato P. dos Santos

Última alteração: 24-08-2018

Resumo


A ênfase nas aulas de Matemática e de Ciências é frequentemente colocada na transmissão de informações factuais. Ao contrário, autores consideram que a prática de filosofar poderia melhorar a compreensão do aluno na sala de aula, ao exigir uma reflexão aprofundada, promover a aprendizagem cooperativa e diálogo, pensamento analítico e reflexão crítica. Apesar disso, a disciplina de Filosofia vem passando ao longo do tempo por um movimento pendular, ora de inclusão, ora de exclusão, na grade curricular do Ensino Médio, ao sabor dos interesses de setores dominantes em cada momento, fossem eles católicos, positivistas, patrióticos ou desenvolvimentistas, ora autoritários, ora 'democráticos'. A recente Medida Provisória 746/2016, retirando a obrigatoriedade das disciplinas de Filosofia e Sociologia na grade curricular do Ensino Médio, resultou em acaloradas controvérsias entre especialistas e grandes mobilizações de estudantes em todo o país contra sua retirada do Ensino Médio. O objetivo deste trabalho foi identificar o efeito da presença ou não das disciplinas Filosofia, Sociologia e Estudos Sociais na grade curricular do Ensino Médio de uma escola sobre o aprendizado de seus estudantes. Em termos metodológicos, dados do Censo da Educação Básica 2015 e das médias por escola do desempenho no ENEM 2015 foram examinados por meio de diversas técnicas de Ciência de Dados (Data Science). Mais especificamente, foi feita uma análise de correlação entre as proficiências médias por escola, em cada uma das áreas de conhecimento avaliadas no ENEM 2015, e os indicadores intra e extraescolares com os recursos da linguagem R. Os resultados da análise não indicaram qualquer influência perceptível das disciplinas Filosofia e Sociologia sobre o desempenho, ao contrário do Indicador de Nível Socioeconômico dos alunos e a Dependência Administrativa da escola. Estes parecem, assim, contrariar os resultados positivos significativos obtidos após atividades conduzidas por professores treinados no chamado diálogo filosófico investigativo na sala de aula. Longe de tomar partido na discussão sobre a pertinência da inclusão dessas disciplinas no Ensino Médio, o que se procurou aqui foi apontar para a necessidade de um repensar sobre o como elas deveriam ser organizadas. De fato, muitas vezes encarada como uma “disciplina ornamental” e faltando concursos para contratar professores com formação específica, o trabalho realizado acaba muitas vezes por se distanciar radicalmente de um modelo de ensino minimamente passível de ser identificável com Filosofia, descumprindo, portanto, os objetivos originais de sua inclusão na grade curricular(FÁVERO et al., 2004).

Palavras-chave


Ensino de Filosofia; Desempenho escolar; Ciência de Dados

Texto completo: PÔSTER