Última alteração: 08-09-2017
Resumo
Os casos dermatológicos representam grande parte do atendimento na rotina clínica de pequenos animais. Além de uma anamnese e um exame físico completos, os exames complementares são fundamentais para um diagnóstico correto e terapia específica. Entre os ácaros causadores de sarna destaca-se a Cheyletiella yasguri, ácaro responsável pela queiletielose, popularmente conhecida como “caspa viva”. Um canino da raça Yorkshire Terrier, fêmea castrada, com 6 anos de idade foi atendida no Hospital Veterinário da ULBRA com queixa de dermatopatia pruriginosa há 2 anos. A tutora relatava consultas anteriores com realização de exames, mas sem confirmação diagnóstica. No exame dermatológico verificou-se dermatite esfoliativa seca, liquenificação, hiperpigmentação, prurido epicrítico e alopecia em região perianal, inguinal, podal, axilar e superfície convexa de ambas orelhas, além de otite. Foi realizado o raspado parasitológico cutâneo, para pesquisa de ácaros causadores de sarna; coleta de swab de pele e swab otológico para cultivo bacteriológico e coleta de pelos para cultivo micológico. O exame microbiológico da orelha evidenciou otite bacteriana, com isolamento de Staphylococcus sp., sem envolvimento de Malassezia sp.. O antibiograma demonstrou sensibilidade ao cloranfenicol, doxicilina e polimixina. No swab de pele houve cultivo de Proteus sp., Staphylococcus sp., além de bactéria Gram negativa não identificada, todos com sensibilidade a diversos antibióticos. No exame micológico, não houve crescimento de fungos dermatófitos. O exame parasitológico foi positivo para a presença do ácaro C. yasguri. Com a evidência laboratorial, foi prescrito selamectina topicamente, em três aplicações mensais; amoxicilina com clavulanato 20 mg/kg por via oral, de 12 em 12 horas durante 21 dias; maleato de oclacitinib 0,6 mg/kg por via oral a cada 12 horas durante 14 dias, seguido da mesma dose com intervalo de 24 horas por mais 14 dias; limpeza dos condutos auditivos com solução de limpeza acidificante por cinco dias, seguido de aplicação diária de produto otológico a base de orbifloxacino, furoato de mometasona e posaconazol. Foi solicitado retorno em 30 dias, quando o paciente não apresentava mais seborreia seca, havia remissão da otite e início da repilação em todas as áreas acometidas. Foi realizado um raspado parasitológico cutâneo controle, cujo resultado foi negativo. A tutora relatou prurido quando passou a administrar oclacitinib a cada 24 horas. Foi recomendado o uso de xampu semanal a base de clorexidine 3%, continuação da antibioticoterapia e uso de oclacitinib. Até o momento, o paciente segue em tratamento e, segundo tutora, vem apresentando melhora dermatológica significativa.