Última alteração: 17-09-2017
Resumo
A cicatrização de feridas crônicas é um desafio terapêutico, desenvolvendo úlceras cutâneas que necessitam de um longo tempo de tratamento, resultando em alto custo no tratamento. A busca por substâncias terapêuticas cicatrizantes, de fácil acesso a população e baixo custo ganhou importância nos últimos anos. O uso de recursos naturais é uma tendência mundial na tentativa de mimetizar uma matriz cutânea original. Com isso, a biomembrana formada por quitosana tem se mostrado promissora. Além de sua abundância na natureza, apresenta várias funções biológicas, como: propriedades de acelerar o processo de cicatrização ao ativar macrófagos, aumentar o número de fibroblastos, estimular a diferenciação celular e a reepitelização da pele. O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar a eficácia dos diferentes tipos de biomembranas de quitosana brasileira no processo cicatricial de lesões cutâneas. Foram utilizados ratos Wistar submetidos a excisão cirúrgica sob anestesia. A reparação tecidual de uma ferida de 2x2 cm2 no dorso foi medida e avaliada morfologicamente e histologicamente nos dias 0, 3, 7, 10 e 14 de acordo com o protocolo CEUA n° 2016/132. Os animais receberam diferentes tratamentos: soro fisiológico, colagenase, membrana sal de quitosana, membrana de quitosana nano ácido acético e membrana de quitosana nano de ácido clorídrico. Macroscopicamente, foram avaliadas a contração, presença de exsudato, aparência das feridas, análise do tipo inflamatório e a neocolagênese. O estudo histológico através de lâminas considerou os parâmetros de elementos celulares inflamatórios, incluindo colagenização e reepitelização; além da análise do infiltrado inflamatório através da dosagem da mieloperoxidase e da NAGase. Os animais tratados com biomembrana de quitosana apresentaram melhor aparência, sendo significativamente melhor no grupo biomembrana de nano ácido clorídrico em todo o período. A formação de exsudato e a contração final da ferida foi semelhante em todos os grupos. A avaliação do tipo de inflamação aguda dos grupos com biomembrana de quitosana demonstrou melhores resultados apesar da formação de crosta sob a membrana, que configurou um aspecto sero-hemático; apesar desta alteração, não houve alteração do processo cicatricial. A análise histológica demonstrou que a partir do dia 3, o grupo com biomembrana de quitosana apresentou aspectos histológicos mais favoráveis - especialmente o grupo nano de ácido clorídrico - que prepararam e estimularam as fases subsequentes da cicatrização, bem como a análise do infiltrado inflamatório que demonstrou uma significativa migração de polimorfonucleados precoce nos grupos de quitosana. O presente estudo demonstrou que o tratamento com a biomembrana de quitosana - especialmente, a de nano ácido clorídrico - estimulou as fases subsequentes da cicatrização, fazendo com que seu arranjo histológico seja mais denso e consistente.