Última alteração: 08-09-2017
Resumo
Introdução
O tiranídeo Pitangus sulphuratus, conhecido popularmente como Bem-te-vi, ocorre do Sul dos Estados Unidos até a Argentina, essa ave é facilmente identificada por ter suas penas com cores vivas e canto onomatopeico que dá origem ao seu nome popular. Apresenta facilidade para se adaptar a uma grande variedade de ambientes e nichos ecológicos, desde centros urbanos e ambientes semiaquáticos até o cerrado e a caatinga. Possui uma variada dieta, alimentando-se de insetos, frutas, flores, pequenos vertebrados terrestres, crustáceos, peixes, girinos e também de ectoparasitos de bovinos e equinos, portanto é classificado como onívoro. Seus hábitos alimentares podem corroborar com a infecção de diversas espécies de helmintos, uma vez que as infecções podem ocorrer através da ingestão de hospedeiros intermediários.
Objetivos
Este trabalho objetivou estudar a helmintofauna da espécie Pitangus sulphuratus, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil.
Material e Métodos
No período de dezembro de 2015 à agosto de 2016, foram coletados na rodovia RS-040 entre os municípios de Viamão e Capivari do Sul, espécimes de P. sulphuratus (n=4), e destinados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres do IBAMA/RS ao Laboratório de Zoologia de Invertebrados da ULBRA. Os hospedeiros foram necropsiados e os órgãos examinados separadamente com auxílio de estereomicroscópio. Os nematoides foram fixados em A.F.A à 65°C e posteriormente colocados em etanol 70°GL. A identificação foi realizada após clarificação e montagem dos nematoides em lâminas semipermanentes feitas com auxílio de lactofenol de Amann.
Resultados e Conclusões parciais.
Dos quatro hospedeiros examinados apenas um apresentou infecção. Os parasitos (n=6) foram encontrados dentro da cavidade celomática do hospedeiro. Os parasitos, foram classificados como Diplotriaena sp. com base na forma e no tamanho dos tridentes e de seus espículos. As espécies deste gênero apresentam uma relação parasitária exclusiva com as aves. A ampla distribuição geográfica deste parasito pode ter relação com os hábitos migratórios de seus hospedeiros. Em relação ao seu ciclo de vida, há evidencias de que os ovos de Diplotriaena são postos nos sacos aéreos chegam aos brônquios, alcançam a traqueia onde são deglutidos e por fim expulsos com as fezes. Artrópodos coprófagos acabam ingerindo estes ovos, tornando-se hospedeiros intermediários. A grande dispersão das espécies de Diplotriaena spp. poderia ser explicada pela falta de um hospedeiro intermediário específico. Alguns autores correlacionam a ocorrência de aves hospedeiras de Diplotriaena com uma dieta insetívora.
A utilização de fauna atropelada, além de possibilitar estudos ecológicos, evita a necessidade de se retirar animais da natureza para os estudos sobre helmintofauna, em contrapartida a sua utilidade é limitada pelo tamanho geralmente pequeno da amostra.