Portal de Eventos da ULBRA., XVII FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

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Acesso à Internet nas Escolas e Desigualdade Digital no Brasil
Renato P. dos Santos, Silvio Cesar Viegas, Isadora Luiz Lemes

Última alteração: 10-09-2017

Resumo


Introdução

O extraordinário, mas desigual, crescimento do acesso das pessoas à Internet é amplamente considerado como criador de uma nova divisão de classes entre os “ricos em informação” e os “pobres em informação”, o que é referido pelo termo “desigualdade digital” (digital divide).

Objetivos

Neste trabalho, pretendeu-se investigar a evolução do acesso à Internet nas escolas e da desigualdade digital social no Brasil.

Metodologia

Dados sobre a disponibilidade das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no Brasil disponíveis no portal de dados CETIC.br[1] foram analisados.

Resultados e Conclusões

A análise dos dados mostra que a disponibilidade de computadores aos alunos tem caído de forma drástica nas salas de aula de todo o Brasil, desde 2010. Em oposição, nota-se a manutenção, ou até mesmo o aumento, da existência de computadores nas partes não acessíveis aos estudantes, tais como nas salas dos diretores, dos coordenadores pedagógicos ou dos professores, o que parece indicar que não se trata apenas de um problema financeiro. Por outro lado, observa-se uma crescente disponibilidade desses dispositivos, muito mais acentuado no caso dos celulares em todas as regiões do Brasil. Observa-se, também, um extraordinário aumento do acesso à Internet em todas as regiões do Brasil, mas ainda sensivelmente maior nas regiões Sul e Sudeste em comparação às regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Embora os resultados acima indiquem uma redução da desigualdade quantitativa de acesso à Internet por meio de uma substituição do acesso na escola via computadores pelo acesso móvel, fora da escola, há também uma importante substituição qualitativa nesse processo. Trata-se de uma “desigualdade digital de segundo nível” (second-level digital divide) nas habilidades e hábitos que tornam o uso da Internet mais significativo, útil e emponderador, necessário para completar tarefas essenciais a oportunidades educacionais e empregos contemporâneos, onde o uso de Internet é instrumental. O acesso institucional em escolas e locais de trabalho desempenha um papel muito mais forte no cultivo desse capital tecnológico, enquanto que a banda larga doméstica (e, naturalmente, também o acesso móvel) pode ser usada principalmente para fins de entretenimento, tais como streaming de vídeo ou jogos multiplayer, que não desenvolve esse capital. O mero incremento no acesso, tal como o proposto pelo Programa Nacional de Banda Larga, não propicia automaticamente o uso mais significativo, útil e emponderador da Internet. As escolas e os locais de trabalho têm um papel crucial para a mudança dessa realidade, ao propiciar os tipos de apoio e reforço sociais que muitos usuários potenciais podem precisar para usar a Internet para alcançar objetivos de vida e causar mudanças de vida.


[1] http://data.cetic.br/cetic/explore


Palavras-chave


Internet; Brasil; Desigualdade digital;

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