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ANEMIA FERROPÊNICA DECORRENTE DE INFLAMAÇÃO E NEOPLASIA EM CANINO - RELATO DE CASO
Mirele Fuhr, Letícia Silva, Mariani Inácio Schmitz, Mariangela Costa Allgayer

Última alteração: 30-08-2016

Resumo


A anemia ferropênica, genericamente chamada de anemia da doença crônica (ADC) é uma síndrome caracterizada por anemia leve à moderada, normocítica, normocrômica, decorrente à inflamações, neoplasias, baixa concentração de ferro sérico devido ao seu armazenamento nos depósitos sistêmicos decorrente ao complexo Hepsidina-ferroportina. Na rotina clínica, prevalecem as anemias arregenerativas, principalmente em casos oncológicos, como abordado neste relato. Em julho de 2016, a paciente canina, SRD, chegou ao Hospital Veterinário da Ulbra, para consulta, referente a um tumor de mama ulcerado. Na consulta foi verificado demais tumores envolvendo cadeia mamária, variando de 1 a 5cm. A indicação para tratamento foi a remoção cirúrgica. Porém, a paciente encontrava-se em cio, sendo indicado retornar após 15 dias. No retorno a paciente apresentou piora clínica, com aumento do nódulo ulcerado, perda de sangue e prostração acentuada. Ao exame hematológico inicial, evidenciou acentuada anemia não regenerativa, com hematócrito (Ht) 17% e hemoglobina (Hg) 5,4 g/dL e intensa resposta leucomóide, caracterizada por 100.000/µL leucócitos totais, sem apresentar alterações nos exames bioquimicos séricos. Para intervenção cirúrgica, foi realizado transfusão de sangue total, elevando o Ht para 24% e Hb para 7,5g/dL, permitindo a remoção do tumor. Nos achados do exame pós cirúrgico, em 48h, permanecia a anemia não regenerativa (normocítica, hipocrômica), porém com diminuição da resposta inflamatória e sem alteração nos exames bioquímicos. O mecanismo desta anemia depende de citoquinas, como IL-I, fator de necrose tumoral e o gama-interferon, agindo em conjunto para reduzir a vida média da hemácia, reduzir produção renal de eritropoietina e diminuir resposta dos precursores eritróides à eritropoietina, falha da medula óssea em aumentar a produção de glóbulos vermelhos para compensar o aumento da sua demanda e causar distúrbio do metabolismo do ferro, o que justifica a intensa anemia presente levando em consideração a correlação positiva entre a intensidade da doença e o grau de anemia. No leucograma, as alterações mais comuns associadas à inflamação são leucocitose e neutrofilia com ou sem desvio à esquerda. A paciente, no entanto, inicialmente apresentou leucocitose com desvio à esquerda significativo, tendo neutrófilos tóxicos, relacionados com a gravidade da inflamação. As alterações são devidas ao processo inflamatório exacerbado, desencadeado pelos fatores tumorais associados aos processos inflamatórios e a anemia pelo complexo do armazenamento do ferro, sendo a retirada da causa primária a principal indicação para que haja o retorno da homeostase, esperando uma regeneração medular após a supressão dos estímulos inflamatórios e neoplásicos. O clínico veterinário deve estar ciente do acompanhamento hematológico deste paciente para o sucesso do tratamento.


Palavras-chave


Anemia Ferropênica, Canino, Tumor Mamário.

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