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As rupturas observadas ao longo das últimas décadas na forma de conceber o futebol acompanham as transformações do mundo do trabalho, inerentes ao processo de globalização e aos códigos que distinguem a era digital. Como todos os fenômenos sociais, este constrói-se em rede. A formação de atletas é mais complexa, pois as disputas que dinamizam esse subcampo, constroem-se hoje a partir de outras  bases. A maior mobilidade de atletas, as informações que circulam em tempo real, a globalização dos mercados e a demanda por novas competências são aspectos a serem considerados.  Essa escola de formação que são as categorias de base dos clubes de futebol modifica-se nos seus propósitos e na sua estruturação na comparação com anos anteriores. Essa pesquisa visa analisar o impacto das NTIC  no processo de formação de crianças e adolescentes atletas de futebol. Neste estudo de casos, realizaram-se entrevistas com uma amostra de atletas e pais de atletas com idade entre 10 e 11 anos, compreendendo 42 atletas, nascidos em 1997 e em 1998, e 41 pais. As entrevistas foram previamente agendadas e autorizadas através do preenchimento de termos de consentimentos por parte dos pais e responsáveis. Foram todas gravadas e transcritas. A amostra é composta também por membros do corpo técnico do clube (fisioterapeutas, orientadores técnicos, preparadores físicos, nutricionistas e assistentes sociais). A saturação e a diversidade demonstram a representatividade da amostra pesquisada. A Sociedade em Rede instaura uma nova visibilidade, mobilidade e velocidade nesse subcampo do campo esportivo, mudando sua forma de formar atletas profissionais e instaurando novas competências, ao mesmo tempo em que as obstrui. Verifica-se que a imensa maioria dos atletas entrevistados almejam jogar no exterior, ainda que as estatísticas apontem um número ínfimo de aspirantes que chegam ao nível profissional; nesse contexto. Embora a maioria dos responsáveis pelos atletas percebam que o futebol atrapalha a vida escolar dos meninos, a expectativa de ascensão social da família leva-os a priorizar a carreira dos filhos em detrimento da qualidade da formação escolar. Cabe às equipes multiprofissionais do clube a tarefa de otimizar os potenciais dos futuros atletas, atendendo aos interesses do clube e, ao mesmo tempo, mediar as expectativas e, frustrações de atletas e seus familiares. É possível humanizar esse espaço de formação articulando saberes e projetos sem para isso, deixar de garantir os objetivos das categorias de base do clube. Para melhor entender as novas demandas de formação associadas ao campo esportivo é necessário, do ponto de vista analítico, reconstruí-lo, reconstituí-lo, confrontando-o à dinâmica da Sociedade em Rede.

Formação, Futebol, Infância, Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, Rede Dinâmica, Trabalho Infantil