Última alteração: 30-08-2016
Resumo
O presente trabalho, inserido no campo dos Estudos Culturais e dos Estudos de Gênero e Sexualidade, volta-se para a análise de um videogame chamado Street Fighter, que é produzido desde 1987 pela empresa japonesa Capcom, e de um fórum bastante popular entre os gamers brasileiros: o Omelete (site sobre cultura pop hospedado no portal UOL). Atualmente, o termo gamer tem se popularizado e é usado para descrever tanto usuários frequentes de videogames quanto profissionais. As comunidades gamers se multiplicam ao redor do mundo em formato de fóruns de discussão online e em perfis nas redes sociais. Como um dos autores deste trabalho está inserido no mundo dos games, há muitos anos acompanha as estratégias de representação das personagens femininas nos jogos, bem como critica os estereótipos criados e reforçados por tais representações e o preconceito contra as mulheres gamers. Durante a década de 1980, as figuras femininas eram representadas por donzelas em perigo ou princesas, ocupando papéis secundários nos jogos. A partir dos anos 1990, começaram a surgir mulheres fortes e muito sensuais, todas desenhadas sob o olhar masculino. A série Street Fighter ganhou popularidade em seu segundo episódio: Street Fighter II, lançado em 1991, tornou-se responsável pela consolidação do gênero luta,influenciando o mercado dos games até os dias atuais. O jogo trouxe uma das primeiras personagens femininas aos jogos de luta: Chun-li. Considerada um ícone pop, ágil e veloz, usava roupas “típicas” do seu país, a China, e ficou famosa pelas belas pernas à mostra. O quinto episódio da franquia, Street Fighter V, foi lançado em fevereiro de 2016 e apresentou uma personagem brasileira, Laura, que é hipersexualizada, possui músculos hipertrofiados e trajes mínimos. Tal lançamento teve grande repercussão e, também, críticas nos fóruns online – foco específico de análise deste trabalho. Foram pesquisados, no Google Acadêmico, artigos envolvendo fighting games e, especificamente, o videogame Street Fighter, além de artigos sobre os seguintes temas: identidade cultural e cultura gamer, machismo, representação e representatividade feminina nos jogos. Também foi feito o acompanhamento sistemático das postagens feitas pelos gamers no fórum Omelete entre os meses de fevereiro e maio de 2016, por meio de capturas de tela. A análise das postagens será realizada em uma etapa posterior do trabalho, mas já é possível afirmar que os estereótipos de gênero e sexualidade continuam sendo produzidos e reforçados pelo jogo ao longo dos anos. O jogo é heteronormativo e endereçado para homens jovens, e o teor das postagens no referido fórum, simbolicamente, (re)produz a violência de gênero e sexualidade contida no jogo.