Embora os estudos epidemiológicos indiquem menor prevalência de lesões de mucosa bucal em indivíduos jovens, o seu diagnóstico diferencial e precoce é fundamental para aumentar a curabilidade, facilitar o tratamento e diminuir a transmissão de doenças. Esse estudo transversal baseou-se em um banco de dados de um projeto de pesquisa maior, que foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sobre o número 702.895 e tem por objetivo estabelecer a prevalência de lesões de mucosa bucal em adolescentes no município de Sapucaia do Sul. A pesquisa compreendeu 652 conscritos com 18 anos completos na data da coleta. Os dados foram coletados através de dois instrumentos: um exame físico para a identificação das lesões de acordo com o tipo de lesão fundamental, o tamanho, a coloração, a localização e a hipótese diagnóstica e para avaliar as variáveis clínicas (traumatismo dentário e cárie dentária). O segundo instrumento consistiu em um questionário envolvendo variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais. As coletas foram realizadas por um profissional treinado e calibrado. Realizou-se análise descritiva das variáveis e das hipóteses diagnósticas. A prevalência de lesões de mucosa bucal foi de 13,8% (90 indivíduos). Foram encontradas 113 lesões ao todo e 18 hipóteses diagnósticas diferentes. As lesões brancas ou vermelhas, inferiores a 5mm, localizadas em lábios e bochechas, na forma de placas ou úlceras foram as mais prevalentes. As hipóteses mais encontradas foram hiperceratose, lesão traumática eritematosa e úlcera aftosa recorrente. Ao final do estudo, pode-se concluir que a realização de levantamentos envolvendo lesões de mucosa bucal em adolescentes possibilitará estimar o impacto dessas injúrias na qualidade de vida dos mesmos, possibilitando ao cirurgião dentista conhecer as características desse agravo e trabalhar na sua redução, assim como já faz com a cárie e doença periodontal.