Portal de Eventos da ULBRA., XV FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA (Canoas)

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APOIO MATRICIAL EM SAÚDE MENTAL EM UNIDADES DE SAÚDE TRADICIONAIS
Alice HIRDES

Última alteração: 04-10-2015

Resumo


A inclusão da saúde mental na Atenção Primária à Saúde tem estimulado o debate em nível nacional e internacional nos últimos anos (Brasil, 2003; Campos; Domitti 2007, WHO/WONCA, 2008). A aprovação do Plano Global de Saúde Mental (WHO, 2013) traz à necessidade da atenção integral, descentralizada, equitativa, longitudinal, intersetorial e orientada para a comunidade.  À necessidade de integração da saúde mental nos serviços gerais de saúde se torna ainda mais premente para pessoas que vivem em países em desenvolvimento, com escassez de profissionais especialistas. Entretanto, no cotidiano dos serviços a separação das questões de ordem da saúde física e mental ainda persiste, sobretudo nas Unidades de Saúde tradicionais. Assim, com vistas à descentralização em saúde mental no Brasil, foi proposto o apoio matricial (AM), que se constitui em um arranjo organizacional que visa outorgar suporte técnico às equipes da Atenção Primária, mediante a responsabilização compartilhada de casos. Isso pode se dar por meio de discussões de casos, atendimentos conjuntos ou intervenções conjuntas à família e à comunidade (Brasil, 2003). Esta pesquisa teve como objetivo geral investigar o processo de trabalho apoio matricial em saúde mental na Atenção Primária, levando em conta as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Reforma Psiquiátrica. Trata-se de uma pesquisa descritivo-analítica, com abordagem qualitativa. Os sujeitos do estudo foram sete profissionais das UBS tradicionais. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e grupo focal (GF) em Gravataí, RS. Em relação aos procedimentos analíticos das entrevistas semiestruturadas e GF foi utilizada a análise de conteúdo, na modalidade temática, proposta por Minayo (2010), que compreende: a ordenação, a classificação e a análise final dos dados. Os resultados evidenciam que uma especificidade do apoio matricial nas UBS diz respeito à identificação de um profissional de cada unidade para atender os casos de saúde mental; o processo de trabalho contempla os atendimentos conjuntos e a discussão de casos clínicos com profissionais especialistas. Com relação aos fatores que dificultam o trabalho interdisciplinar estão à falta de capacitação em saúde mental dos profissionais; o excesso de demanda que impossibilita uma escuta qualificada. Dentre os fatores facilitadores estão os aspectos relacionais que passaram a otimizar o trabalho após a instituição do AM; o acesso a equipes de outras unidades, o que possibilita o aprendizado mediante a discussão coletiva de casos clínicos; o comprometimento, a corresponsabilização e a cogestão são vistos como processos que facilitam a descentralização em saúde mental. Conclui-se que nas UBSs predomina uma lógica centrada nos atendimentos individuais, prescritiva e normativa, que impede a adoção plena dessa importante ferramenta de trabalho para a descentralização em saúde mental.

 

 

 


Palavras-chave


Saúde mental. Descentralização. Apoio matricial.

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