Última alteração: 04-10-2015
Resumo
O objetivo do presente estudo foi investigar os fatores associados à perda dentária e seu efeito na Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal (QVRSB) de adolescentes do sul do Brasil. Este estudo transversal compreendeu 509 adolescentes de 11 a 14 anos de escolas públicas de Osório, no sul do Brasil. Um examinador calibrado realizou exame clínico de cárie dentária (dentes cariados/perdidos/obturados), maloclusão (Índice de Estética Dental) e traumatismo dentário. Os sujeitos preencheram a versão brasileira Child Perceptions Questionnaire (CPQ11-14) – Impact Short Form, e seus pais ou responsáveis responderam a um questionário estruturado com questões demográficas e socioeconômicas. A análise dos dados foi realizada por meio de Regressão de Poisson com variância robusta, sendo descritas as Razões de Prevalências (RP) e Razões de Taxas (RR) brutas e ajustadas para potenciais confundidores. A prevalência de perda dentária foi de 6,7% (IC 95% 4,5%-8,9%), sendo maior em adolescentes de famílias com menor renda e menor escolaridade materna. No modelo multivariável, renda familiar perdeu significância, mas a probabilidade de perda dentária foi três vezes maior quando a escolaridade materna era menor de 8 anos (RP 3,26; IC 95% 1,36-7,80). Os escores de QVRSB foram em média 4 pontos maiores em adolescentes com perda dentária. Análise multivariável mostrou que a QVRSB foi significativamente pior em adolescentes do gênero feminino, de famílias com menor renda e não nucleares, com maloclusão e com perda dentária (RT 1,25 IC 95% 1,12-1,43). Concluiu-se que a perda dentária em adolescentes está fortemente associada à escolaridade materna e tem impacto significativo na QVRSB, identificando características que devem ser priorizadas no planejamento e implementação de intervenções.