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Há uma constante preocupação na Odontologia mundial com a biocompatibilidade dos materiais utilizados, nas diversas especialidades. Dentre elas, a Ortodontia, que objetiva a correção das má oclusões, deve também ter o cuidado de proporcionar saúde, sem expor os indivíduos à situações que possam prejudicá-los. Durante o tratamento ortodôntico, muitos profissionais recomendam o uso regular de produtos contendo Flúor, tais como creme dental e enxaguatório bucal, para reduzir o risco de desenvolvimento de mancha branca em torno dos bráquetes ortodônticos, uma vez que uma parcela significativa é composta por adolescentes que nem sempre seguem um regime de higiene oral satisfatória e tem um alto risco de cáries dentárias. O ambiente bucal caracteriza-se por extremos, pois pode variar a temperatura e/ou o pH de forma abrupta. Quando os aparelhos ortodônticos são expostos à cavidade oral, podem estar sujeitos ao fenômeno eletroquímico da corrosão. A toxicidade das ligas pode ser aumentada em condições comuns intraorais, tais como menor pH e escovação com cremes dentais. A corrosão dos bráquetes pode ocorrer no ambiente bucal, e na presença de íons fluoretos a resistência à corrosão de certos materiais pode se agravar. A opção clínica por acessórios que apresentem menor biodegradação reduz o risco de danos à saúde do paciente, uma vez que aqueles tendem a liberar menos íons para o meio intraoral. O objetivo desse estudo foi testar as seguintes hipóteses: a degradação in vitro predispõe maior citotoxicidade dos bráquetes estéticos; a presença do Flúor no processo de degradação desses acessórios determina maior citotoxicidade dos mesmos. A amostra foi composta por 120 corpos de prova, divididos em 6 grupos de diferentes marcas comerciais. Para cada marca, foram utilizados 20 corpos de prova, dos quais 5 foram controle (sem degradação), e os outros 15 foram submetidos ao processo de degradação in vitro, com e sem Flúor, nas concentrações de 0,2% e 0,05%, sendo, a seguir, submetidos ao teste MTT para avaliação da viabilidade celular. A análise estatística envolveu os testes ANOVA e t-student, p£0,05. A maioria dos bráquetes submetidos ou não a degradação, com ou sem Flúor, apresentaram algum grau de citotoxicidade, mostrando a susceptibilidade desses materiais. Entretanto, foi perceptível que, para alguns bráquetes, independente da composição em cerâmica mono ou policristalina, ou de policarbonato, a degradação in vitro predispôs maior citotoxicidade (p<0,05), bem como a presença de Flúor tornou a redução da viabilidade mais severa ao final das 72h. Concluiu-se que as hipóteses testadas foram parcialmente comprovadas, uma vez que a maioria dos bráquetes mostrou algum grau de citoxicidade, independente do tempo ou meio. Entretanto, para alguns grupos, a degradação in vitro predispôs maior citotoxicidade, bem como a presença do Flúor influenciou nesse processo, sendo o tempo fator preponderante na determinação da citotoxicidade.