Mastocitoma é decorrente da proliferação neoplásica de mastócitos[1]. É a segunda neoplasia que mais acomete cães[2]. O comportamento biológico do mastocitoma é variável e imprevisível, podendo apresentar desde nodulação única com comportamento benigno até múltiplas nodulações e metástases com comportamento extremamente maligno³. Estudos mostram que mastocitomas que se desenvolvem na cavidade oral, leito ungueal ou nas regiões inguinal e perineal apresentam comportamento maligno, independentemente da classificação histológica, sendo mais aptos a apresentar recidivas ou metástases comparados àqueles localizados em outras regiões⁶. A idade média dos animais acometidos por essa neoplasia é de 8 a 9 anos³. Embora o mastocitoma ocorra com mais frequência em cães SRD seguidos de braquiocefálicos, qualquer raça pode ser acometida⁶. O diagnóstico do mastocitoma é baseado no exame citopatológico e/ou exame histopatológico das lesões. O exame citopatológico é o método mais simples para diagnóstico e o histopatológico é mais indicado para classificar o grau de malignidade⁴. Foi atendido no HV-ULBRA, um canino, macho, 15 anos, SRD, apresentando nódulo ulcerado na região distal do membro posterior direito (MPD), com aumento de linfonodo poplíteo (LP). O paciente apresentava algia e dificuldade de caminhar. Foi realizada primeiramente uma citopatologia (BAAF) do nódulo com diagnóstico de mastocitoma. O animal foi então encaminhado para cirurgia onde foi realizado o procedimento de amputação total do MPD e remoção do LP. As peças foram enviadas para o laboratório de patologia. Ao exame macroscópico o nódulo do MPD media 5x4x3cm e apresentava, ao corte, consistência macia e aspecto homogêneo, com área de necrose e hemorragia. No exame microscópico o nódulo era constituído por proliferação de mastócitos arranjados em cordões, mostrando pleomorfismo e anisocariose discreta com boa granularidade, o índice mitótico era moderado (menos de duas figuras de mitose por campo 40x) e as células estendiam-se da derme superficial até o tecido subcutâneo. O LP apresentou metástase. O diagnóstico histopatológico foi de mastocitoma GII. O BAAF é um método seguro que permite o diagnóstico de mastocitoma canino. No entanto, a histopatologia faz-se imperativa para a determinação do grau histológico da neoplasia e, consequentemente para o delineamento adequado do tratamento, possibilitando o aumento da sobrevida⁴. Com base no diagnóstico citopatológico de mastocitoma e baseado na localização do tumor no leito ungueal o que, segundo a literatura, tem um prognóstico ruim, optou-se por realizar a amputação alta. O MPD juntamente com o LP foram enviados para o exame histopatológico para classificação e prognóstico. O cão em discussão era SRD, encontrando-se dentro do referido na literatura, que aponta os animais SRD seguidos dos braquiocefálicos como mais acometidos. A idade do animal também condiz com relatos anteriores já que o animal tinha 15 anos e este tumor acomete cães idosos.

[1]Blackwood et al. Vet. Comp. Oncol, v. 10, n. 3, p.1-29, 2012.

²Braz et al. Pubvet, v. 11, p.1002-1007, 2017.

³Natividade et al. Pesq. Vet. Bras., v. 34, p. 874-884, 2014.

⁴Palma et al. Revista Medvet, v. 7, p. 523- 528, 2009

⁵Souza et al. Pesq. Vet. Bras., v.38, n.9, p. 1808- 1807, 2018.

⁶Turrel et al. JAVMA, v.193, p.936-940,1988.