Última alteração: 10-09-2019
Resumo
Palavras-chave: bexiga, cão, radiologia.
Introdução
As cistites enfisematosas são caracterizadas pela produção de gás no lúmen da bexiga, por microorganismos como Proteus sp e Escherichia coli, entre outros[1]. Os sinais clínicos são disúria, hematúria, polaquiúria e dor abdominal, podendo também ser assintomáticos. Essa enfermidade pode ser secundária a diabetes mellitus e hiperadrenocorticismo[2]. A radiografia e ultrassonografia abdominais permitem avaliar tanto o conteúdo quanto a parede da bexiga, sendo os exames mais específicos e eficazes para cistite enfisematosa[3].
Relato de caso
Foi atendido no Hospital Veterinário da Ulbra um canino, fêmea, 12 anos de idade, da raça lhasa-apso, com histórico de poliúria e polidipsia. No exame ultrassonográfico abdominal realizado, a bexiga apresentava alta repleção, conteúdo formador de artefato de reverberação e parede discretamente espessada (0,3 cm). Na radiografia de abdômen foi visibilizada a bexiga altamente repleta por conteúdo com radiopacidade líquida (urina) e gasosa, sugestivo de cistite enfisematosa. Na urocultura houve crescimento de Escherichia coli.Tratamento sintomático foi instituído. Até o momento da descrição desse relato não havia sido determinada uma causa de base.
Discussão
A cistite enfisematosa é caracterizada pelo acúmulo de gás na parede ou lúmen da bexiga, devido a presença de bactérias fermentadoras de glicose, como a Escherichia coli¹, que foi encontrada na urocultura do paciente relatado. Nesses casos, conforme a literatura, no exame ultrassonográfico é comum haver artefatos de reverberação em lúmen e parede vesical, achados esses corroboram os apresentados no caso.[4] MAROLF & PARK (2014) afirmam que os achados ultrassonográficos de cistite enfisematosa podem ser confusos, já que o gás causa artefatos que dificultam a avaliação de toda anatomia da bexiga. Ainda segundo os autores, a radiografia demonstra ser uma melhor forma de diagnóstico nesses casos.[5] No caso relatado, entretanto, ambas as técnicas de diagnóstico foram importantes e complementares para a conclusão do caso.
[1] GIMENEZ, A., LAGUIA, M., S. Radiologia e ultrassonografia do trato urinário. In: Manual de nefrologia e urologia em cães e gatos. São Paulo: Roca. p. 92. 2012.
[2] NELSON, W. R.; COUTO, C. Medicina interna de pequenos animais. 4. ed. São Paulo: Elsevier. p. 630-638. 2010.
[3]GALATTI, L. B., IWASAKI, M. Estudo comparativo entre as técnicas de ultrasonografia e cistografia positiva para detecção de alterações vesicais em cães - relato de caso. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, n. 41, p. 40-46, 2004.
[4] NYLAND, T.G.; MATTOON, J.S.; HERRGESELL, E.J.; WISNER E.R. Urinary Tract. In: NYLAND, T.G. & MATTOON, J.S. Small Animal Diagnostic Ultrasound. Elsevier Health Sciences, p. 158-197. 2002
[5] MAROLF, A.J.; PARK, R.D. Bexiga urinária. In: THRALL, D.E.. Diagnóstico de radiologia veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, p.726-743. 2014.