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As representações de outro nas apostilas dos sistemas de ensino
Última alteração: 07-01-2014
Resumo
As questões de alteridade e diversidade são cruciais na atualidade, especialmente no campo pedagógico. Assim, considerando o significativo avanço dos sistemas de ensino no mercado de didáticos, principalmente nos últimos anos, como uma panacéia para os problemas da educação brasileira – dentre os quais estariam a baixa qualidade docente, o baixo rendimento escolar, a falta de planejamento eficiente – atento às representações de sujeito que se encontram nas suas apostilas. Problematizo as representações de outro nas narrativas históricas das apostilas – utilizadas no âmbito do recorte temporal 2008 – 2012 – da disciplina de História/Ensino Médio do sistema de ensino Positivo e do sistema de ensino SER. A pesquisa e as análises são desenvolvidas no âmbito dos Estudos Culturais, que propiciam a desnaturalização de discursos que circulam no aparato escolar e abarcam discussões pertinentes à identidade, diferença e processos de subjetivação. Os sistemas de ensino como o Positivo e o SER, organizações marcadamente mercantis, oferecem um ensino em rede que envolve Kits de produtos e serviços, dentre os quais se encontram os materiais apostilados, e parecem ser a nova coqueluche do panorama pedagógico brasileiro, avançando nas redes escolares privadas e nas redes públicas municipais de ensino – ocupando espaços que outrora foram dos livros didáticos. Imagino as apostilas de tais sistemas como artefatos pedagógicos materializados com diferentes textos e linguagens, nos quais se (re)criam determinados discursos que propiciam representações que podem colaborar nos processos de constituição de sujeitos “reais”. As apostilas provavelmente têm uma produtividade discursiva, que não adviria apenas de suas narrativas históricas, mas de seu próprio formato e da condição que ocupariam no interior de uma espécie de rede multissemiótica de artefatos culturais. Quanto às representações de sujeito que estariam circulando nos artefatos pedagógicos em questão, atento especialmente às representações de outros, imaginando-os como aqueles que teriam nas construções histórico-discursivas, a condição de não-privilegiados, de não-representantes da norma ou que sequer emergiriam nas narrativas discursiva e historicamente tramadas. Assim, penso a constituição do outro como não-natural, culturalmente naturalizada e, portanto, com emergência e existência sócio-histórico-culturais. Valho-me de três categorias de análise para articular a problematização das representações de outro nas apostilas em questão: representações de sujeitos não-europeus não-ocidentais; representações de brasileiros/as marcados/as pela origem geográfica; representações de sujeitos velhos. As apostilas analisadas se encontrariam imbricadas na formação de determinados sujeitos em detrimento de outros. A diferença, nos recortes analisados da narrativa histórica de tais artefatos pedagógicos, seria como que matéria-prima para a representação (provavelmente não-intencional) de desigualdades sociais.
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