Portal de Eventos da ULBRA., XIII FÓRUM DE PESQUISA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA (Canoas)

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FUTEBOL EM REDE: PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ATLETAS PROFISSIONAIS
HONOR DE ALMEIDA NETO ALMEIDA NETO

Última alteração: 07-01-2014

Resumo


Na sociedade pós-industrial em que vivemos, as transformações no mundo do trabalho impulsionadas pelo advento das novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC) modificam a dinâmica do campo esportivo. A nova visibilidade do futebol em nível mundial e as mudanças e adaptações advindas com a legislação nacional e internacional que regulamentam as relações entre os atores sociais, trazem um novo ritmo a esse subcampo, rupturando-o. Complexifica-se o processo de formação de jovens atletas. Essa escola de formação que são as categorias de base dos clubes de futebol modifica-se nos seus propósitos e na sua estruturação na comparação com anos anteriores, tendo em vista o novo perfil de atleta hoje demandado pelo mercado, e as novas disputas e interesses que distinguem hoje esse subcampo do campo esportivo que é o futebol. Na sociedade em rede há uma maior visibilidade das ações de pessoas, iniciativa privada, ONGs  e Estado. Os avanços na legislação, sobretudo a mudança de paradigmas trazidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), associados à importância da responsabilidade social e do marketing social das empresas hoje, incidem sobre a relação dos clubes de futebol com seus atletas das categorias de base. Esta relação está cercada por uma maior vigilância e fiscalização por parte dos órgãos públicos. Na esteira desse processo verifica-se uma preocupação constante com a imagem dos clubes de futebol que se reflete nas inúmeras iniciativas voltadas à qualificação desse espaço de formação por parte dos clubes, desde a melhoria das instalações para os atletas que residem no clube, até toda a sorte de assessoria que é prestada aos mesmos através das equipes multidisciplinares.  Ao atleta profissional, é demandado hoje um conjunto de competências para o seu sucesso que extrapolam a qualidade meramente técnica (saber jogar ) e física. Observa-se uma preocupação maior com a imagem do cidadão, além do atleta,  assim como com a imagem dos clubes. Atentos a isso, os clubes instauram um processo de formação aos jovens atletas muitíssimo mais complexo. O ingresso da criança e do adolescente no universo competitivo das categorias de base dos clubes de futebol profissional não obstante representar uma possibilidade real de materialização de um sonho infantil e de ascensão social da criança e de sua família, exige dela uma série de interações, que por vezes não são condizentes com sua idade cronológica, tanto mental como fisicamente, pelo menos na comparação com outras crianças  que nessa faixa etária, têm a possibilidade de  experimentar outros tipos de interações. Exige-se a antecipação de etapas no desenvolvimento dos atletas para dar conta das demandas desse subcampo (futebol), hoje. Porém, a intensidade das relações demandas por esse campo, instaura também  um conjunto de saberes, sobretudo se levarmos em conta a realidade desses agentes, e os espaços de formação a que têm acesso. Embora constitua-se em uma real oportunidade de mobilidade social, o universo que envolve o mundo do futebol tem sido extremamente cruel com a criança e com o adolescente de uma maneira geral, sobretudo a luz dos avanços legais e conceituais que envolvem o imaginário da infância no Brasil. Não obstante todas as características e exigências demandadas ao atleta profissional, e mais especificamente ao atleta de um esporte competitivo e popular como o futebol,  é possível humanizar esse espaço de formação. Foram aplicados questionários junto a uma amostra representativa de crianças e adolescentes e seus familiares, além de entrevistas com o corpo técnico do clube. Verifica-se a a imensa maioria dos atletas entrevistados almejam jogar no exterior, ainda que as estatísticas apontem um número ínfimo de aspirantes que chegam ao nível profissional; nesse contexto, a escola está a serviço da futura carreira. E, embora a maioria dos responsáveis pelos atletas percebam que o futebol atrapalha a vida escolar dos meninos, a expectativa de ascensão social da família leva-os a priorizar a carreira dos filhos em detrimento da qualidade da formação escolar. Cabe às equipes multiprofissionais do clube a tarefa de otimizar os potenciais dos futuros atletas, atendendo aos interesses do clube e, ao mesmo tempo, mediar as expectativas e, frustrações de atletas e seus familiares. É possível humanizar esse espaço de formação articulando saberes e projetos em parceria com a universidade, sem para isso, deixar de garantir os objetivos das categorias de base do clube.


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