Última alteração: 23-10-2012
Resumo
Cirurgia torácica é qualquer cirurgia realizada no tórax. Os procedimentos cirúrgicos iniciam pela toracotomia, que é a abertura na cavidade torácica, para fim de examinar as estruturas expostas cirurgicamente, como ampla via de acesso à cavidade torácica. Na intervenção cirúrgica torácica ou abdominal, as complicações pulmonares pós-operatórias elevam o período de hospitalização, aumentam os custos e contribuem para a morbidade e mortalidade. As complicações pós operatórias ocorrem devido à inibição dos músculos respiratórios pela anestesia, incisão cirúrgica, circulação extracorpórea disfunção do nervo frênico, imobilização no leito, redução da capacidade de tossir e dor. As principais complicações pulmonares encontradas no pós-operatório são: atelectasia, infecção traqueobrônquica, pneumonia, insuficiência respiratória aguda, ventilação mecânica e/ou entubação orotraqueal prolongadas e broncoespasmo. Em geral a incidência de complicações pulmonares após cirurgia torácica variam entre 12% a 50%. Pacientes que foram submetidos a lobectomia têm uma redução de 5% a 15% da capacidade vital forçada (CVF) e uma redução de 10% a 25% no volume expirado forçado no primeiro segundo (VEF1), já aqueles que foram submetidos a pneumonectomia os valores correspondentes são uma redução de 35% a 40% da CVF e uma diminuição de 35% VEF1. A avaliação pré-operatória da função pulmonar é apropriada em todos os pacientes submetidos à cirurgia torácica pois, pode fornecer uma adequada e segura previsão de complicações no pós operatório. Avaliar a função pulmonar de pacientes no pré e pós-operatório de cirurgia torácica, identificando quais alterações na função pulmonar estão presentes em pacientes submetidos à cirurgia torácica. Foram avaliados pacientes internados no Hospital Universitário-Ulbra/Mãe de Deus-Canoas submetidos à cirurgia torácica. Para avaliação dos pacientes foi utilizada uma planilha de avaliação fisioterapêutica no pré-operatório, com dados de identificação, patologias associadas, se tabagista, etilista ou ex, se é praticante de atividade física, se apresenta dispnéia à esforços e avaliação da função pulmonar, através das seguintes variáveis, exatamente na ordem em que segue: capacidade vital forçada (CVF), volume expirado forçado no primeiro segundo (VEF1), pico de fluxo expiratório forçado (Peak Flow), capacidade inspiratória máxima (SMI), pressão inspiratória máxima (PiMax) e pressão expiratória máxima (PeMax). Os testes foram realizados com o paciente na posição sentado, por três vezes com um minuto de intervalo entre cada repetição para repouso do paciente, com adoção do valor mais alto. Após a cirurgia e o retorno do paciente a unidade de internação, esses foram reavaliados até o 5º dia de pós-operatório, de acordo com a planilha fisioterapêutica; onde as mesmas variáveis respiratórias foram mensuradas obedecendo a mesma ordem e orientação. A avaliação também continha dados como o tipo de cirurgia realizada e a data do procedimento cirúrgico. A análise dos dados foi realizada utilizando o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 17.0. Para comparar médias antes e após a cirurgia, o teste t-student para a amostras pareadas foi aplicado. Para as proporções o teste qui-quadrado de Mcnemar foi utilizado. O nível de significância considerado foi de 5%(p≤0,05). Este estudo foi realizado no período de Janeiro a Maio do ano de 2012. A amostra foi composta por 10 pacientes internados no Hospital Universitário Ulbra/Mãe de Deus-Canoas submetidos a cirurgia torácica, com média de idade de 54,4 anos, sendo destes 80%(8) do gênero masculino e 20%(2) do gênero feminino, 30% (3) tabagistas, 30%(3) ex-tabagistas e 40%(4) não tabagistas, 10%(1)etilista, 20%(2) ex- etilista e 70%(7) negam, em relação ao grau de dispnéia pode ser observado o relato de pequenos esforços em 10%(1), médios esforços em 60%(6) e 30%(3) negam algum grau de dispneia. Quanto aos procedimentos de cirurgia torácica, pode ser observado que do total de 10 cirurgias 3 foram lobectomia correspondendo a 30% da amostra, 2 (20%) pneumonectomia, 2 (20%) decorticação, 2 (20%) pleurostomia, 1 (10%) toracotomia. A reavaliação dos parâmetros foi feita até o 5° dia de pós-operatório, sendo que a mediana ficou em 2,5 dias de pós- operatório. Dentre todos os parâmetros avaliados, a capacidade inspiratória máxima demonstrou significância estatística com p=0,007; sendo seus valores na fase pré-operatória de 1425ml ± 540ml e no pós-operatório de 1005ml ± 409ml. As variáveis de VEF1, Pemáx e Pimáx apresentaram valores limítrofes (0,051≤ p ≤ 0,100), na fase pré – operatória demonstraram os seguintes valores: 1,25L, 53,5cmH2O, -61,5cmH2O e na fase pós- operatória apresentaram os valores: 0,97L, 41,0cmH2O, -43,5cmH2O, havendo uma queda de 22,4%, 23,4% e 29,3%, respectivamente, com p = 0,083, 0,094, 0,093. Os valores de capacidade vital forçada e pico de fluxo expiratório forçado, houve uma queda de 18,6% e 20,4% dos valores iniciais para a fase pós-operatória, porém sem significância estatística.