Última alteração: 23-10-2012
Resumo
A efetiva integração da saúde mental na atenção primária é considerada por organizações mundiais como um empreendimento nesta época de dificuldades econômicas e sociais em nível mundial. Nos países em desenvolvimento, com escassez de profissionais de saúde mental, esta estratégia tem contribuído para aumentar o acesso das populações aos cuidados de saúde mental. Assim, serão incrementadas mudanças no modelo de cuidado com foco na comunidade, nas abordagens inter/transdisciplinares, na colaboração intersetorial, na necessidade de mudança de papéis profissionais. Nesse sentido, o apoio matricial em saúde objetiva oferecer retaguarda assistencial e suporte técnico-pedagógico às equipes de referência. Implica na construção compartilhada de diretrizes sanitárias entre profissionais de referência e os especialistas que oferecem o apoio matricial. O estudo tem por objetivo discutir a integração da saúde mental na atenção primária, mediante a sustentação da tese de que o apoio matricial é um recurso fundamental para a integração e o desenvolvimento de ações de saúde mental no território. O ensaio, parte integrante do doutorado em Psicologia, revisou os principais argumentos contrários à tese, bem como, os argumentos a favor da utilização desse processo de trabalho para a inclusão da saúde mental na Atenção Primária à Saúde. Os argumentos contrários à tese situam-se no âmbito profissional (generalistas e especialistas), político, ideológico, epistemológico e de gestão. Dentre os argumentos a favor destacamos: o atendimento de pessoas com transtornos mentais no território; a redução de discriminação e estigma; o desenvolvimento de novas competências para os profissionais da atenção primária; a redução dos custos; o tratamento simultâneo de condições - doenças físicas e mentais, que muitas vezes se sobrepõem; a possibilidade de incorporar o cuidado em saúde mental numa perspectiva de clínica ampliada, mediante uma abordagem inter/transdisciplinar. A efetivação dessa metodologia de trabalho deve ser compreendida como um processo e como tal, implica a construção coletiva e conjunta de profissionais generalistas e especialistas. Desta forma, a saúde mental poderá ser incorporada nos cuidados de saúde na rede de atenção primária, oportunizando intervenções no sofrimento psíquico no território e produzindo novas relações.