Última alteração: 23-10-2012
Resumo
Educação Ambiental (EA) visa formar uma consciência ambiental e modificar a relação humana com natureza para promover um Desenvolvimento Sustentável. As atividades de EA, por seu caráter interdisciplinar abrangem, além das ciências ambientais e exatas, temas socioculturais, políticos, éticos, históricos e outros, permitindo a utilização de diversas metodologias. Porém, como incorporar a problemática ambiental na escola e na comunidade de entorno para provocar reflexões sobre o meio ambiente local? Este trabalho pretendeu desenvolver estratégias em EA voltada à problemática urbana, tendo como população-alvo alunos do sexto ano de escola municipal de bairro da periferia de Canoas-RS/Brasil, na faixa etária de 12 a 13 anos. Considerou-se que estes alunos, por sua vez, seriam agentes multiplicadores desta ação junto às suas famílias e à comunidade local (bairro Guajuviras). O bairro se formou, inicialmente, a partir de invasão do local por uma população de baixo poder aquisitivo, trazendo vários problemas sócio-ambientais; destes, podemos evidenciar altas taxas de marginalidade, criminalidade e degradação ambiental. O objetivo principal do projeto foi desenvolver a percepção sócio-ambiental do educando nesta área periférica, utilizando como instrumento o desenho. A cada aluno foi solicitado que representasse o seu ambiente de moradia, seu ambiente escolar, seu ambiente/bairro e o problema ambiente x saúde no bairro. Para cada tipo de representação, foram quantificados todos os elementos gráficos representados. Considerou-se que as representações indicam o que cada aluno percebe nos ambientes propostos. No ambiente de moradia, os principais objetos representados foram artefatos construídos – casa, muro, mercado, balanço, carro – perfazendo 40,5% das figuras representadas; o mesmo ocorreu com o ambiente escolar, com 48,9% das representações, no ambiente do bairro, com 53,9% e com o problema ambiente x saúde foram 46,9% das representações. O impacto ambiental foi pouco percebido pelos alunos, apesar de muito forte no local. O impacto mais representado foi o lixo e, com pouquíssima expressão, o esgoto e a descarga veicular. Nos diversos ambientes propostos – moradia, escola, bairro e ambiente x saúde, as representações de impactos totalizaram 5%, 6,7%, 11,8% e 7,4%, respectivamente. O meio biótico, representado principalmente por árvores, foi mais percebido nos ambientes de moradia e escolar, com média de 32% das figuras representadas. O meio abiótico, com a predominância de representação do céu e nuvens, foi mais percebido no ambiente moradia, aparecendo em 23% das representações. Os resultados deste trabalho permitiram quantificar a baixa percepção ambiental desenvolvida em alunos de ambientes urbanos periféricos e um preocupante desconhecimento da degradação e do impacto ambiental, indicando uma forte necessidade de ações educativas que propiciem o desenvolvimento sócio-ambiental e a sustentabilidade na área estudada.