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Fatores associados à maternidade na adolescência: um estudo de casos e controles com jovens de 14 a 16 anos em Porto Alegre, RS.
Última alteração: 23-10-2012
Resumo
O objetivo do estudo foi avaliar a associação de variáveis sócio-econômicas, de estilo de vida, de saúde reprodutiva e de uso de serviços de saúde com a experiência de maternidade em jovens de 14 a 16 anos. O delineamento foi de caso-controle pareado, 431 casos e 858 controles foram entrevistadas por mulheres em seus domicílios. Uma amostra de adolescentes de 14 a 16 anos que tiveram filhos no ano de 2009 em Porto Alegre (RS) se constituíram em casos, sendo controles jovens que não tivessem filhos (pareados por idade e local de moradia). Os casos foram identificadas por meio do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) de Porto Alegre. Foi realizada análise de regressão logística condicional seguindo modelo hierarquizado. O estudo foi aprovado pelo CEP-Ulbra e todos os responsáveis pelas adolescentes assinaram TCLE. A pesquisa contou com o apoio financeiro do CNPq (551272/2007-4). A idade com que as jovens “ficaram” ou namoraram pela primeira vez é próxima: casos “ficaram” aos 12 anos e namoraram aos 13,7, enquanto controles aos 11,7 e 13,6 anos, respectivamente. Casos tinham menor capacidade de consumo pela ABEP, estratos D/E (RO 2,65 IC95% 1,71-4,13). O uso de serviços de saúde públicos foi maior entre casos (RO 2,44 IC95% 1,65-3,61). Comparando casos antes do evento da gestação com controles, observa-se que os casos tinham maior defasagem escolar (RO 4,83 IC95% 3,40-6,87) e consideravam seu relacionamento com os pais não bom (RO 1,71 IC95% 1,33-2,20)). Casos tinham maior exposição e acesso a álcool e drogas, relatando consumo próprio (82,1% vs 74,5% ; porre 23,9 vs 11,8) ou consumo por familiares (57,5% vs 50,4) – cigarro 53,4 vs 32,7 – drogas 7,7 vs 3,2, Com maior frequência, casos relatam relacionamentos afetivos envolvendo violência com parceiros íntimos (como comportamento controlador, violência psicológica, física e sexual). As jovens que estão em situação de exclusão social estão mais vulneráveis à experiência da maternidade na adolescência. O acesso a serviços básicos, especialmente a educação, é um elemento fundamental para a vulnerabilidade, uma vez que a defasagem escolar se dá em função de repetências e desistências que são anteriores ao evento da gravidez.