Última alteração: 31-10-2023
Resumo
Na contemporaneidade, presenciamos um uso acentuado de plataformas e aplicativos digitais que de certa forma, tem impactado de modo considerável em práticas cotidianas, estabelecendo novos modelos de interação, comunicação, expressão e também de relacionamentos, constituindo-se parte da experiência cultural na atualidade. Mais do que isso, tais plataformas reverberam mudanças nas formas e práticas com que os sujeitos têm estabelecido relações afetivas-sexuais, por exemplo. Neste trabalho, recorte de uma investigação em andamento no curso de Mestrado em Educação, busca-se analisar representações do corpo de mulheres negras a partir de suas vivências no uso do aplicativo de relacionamento Tinder. Partindo da perspectiva pós-estruturalista dos Estudos Culturais em Educação, um campo matizado, antidisciplinar e multifacetado que tematiza como as plataformas digitais vêm operando pedagogicamente no sentido de conduzir as condutas dos sujeitos. Autores como Patrícia Collins, bell hooks, Winnie Bueno, Kimberle Crenshaw são centrais nesta pesquisa. Uma das ferramentas teóricas abordadas trata das performances pedagógicas do corpo enquanto fatores sociais de interseccionalidade no entrecruzando raça, gênero e sexualidade presentes nas suas relações afetivas-sexuais. Além disso, investiga-se se essas mulheres percebem nas estratégias da plataforma de namoro, sendo um espaço educativo com práticas pedagógicas próprias, o privilégio de corpos brancos na entrega de perfis no local. A metodologia valeu-se de perguntas semiestruturadas com cinco mulheres. O critério de seleção levou em consideração ser: autodeclarada mulher negra, heterossexual, idade entre 24 e 54 anos e usuária deste ambiente virtual de relacionamentos. Os resultados apontam que as ferramentas de encontros romperam as estruturas tradicionais de namoro, mas não escaparam de fenômenos patriarcais e racistas presentes na nossa sociedade e muito menos criaram estratégias para evitar tais práticas. Assim, as mulheres negras parecem sofrer mais com a falta política de prevenção de racismo, sexismo e objetificação em ambiente virtual de relacionamento.
Palavras-chave: Estudos Culturais, plataformas, corpo, mulheres negras.