A anaplasmose trombocítica é causada pela bactéria Anaplasma platys pertencente à ordem Rickettssiales. A doença é transmitida entre os cães através do vetor Rhipicephalus sanguineus e é caracterizada por trombocitopenia cíclica que acontece a cada 7 a 14 dias, visto que a bactéria se multiplica no interior das plaquetas, causando sua destruição. Normalmente a doença é assintomática, a não ser que ocorra coinfecção com outros hemoparasitas causadores de alterações mais graves. O diagnóstico pode ser realizado por detecção direta em esfregaço sanguíneo, mas testes moleculares e sorológicos são mais sensíveis e por isso, mais utilizados, porém, ao contrário da detecção direta, são mais onerosos. Um cão, Yorkshire, macho, com 10 anos foi atendido no Hospital Veterinário da ULBRA de Canoas-RS com a queixa principal de hipofagia desde o dia anterior. No exame físico, o paciente apresentava taquipneia. Outras alterações observadas foram sopro cardíaco, doença periodontal grave e dor em segmento toracolombar. Foram solicitados hemograma, ALT, Albumina, FA, creatinina e Ureia, e apenas a FA se mostrou levemente elevada (156 UI/L). O eritrograma apresentou valores normais, porém, havia leucopenia de 3.300/µL por neutropenia e monocitose relativa e trombocitopenia (100.000/µL), plaquetas ativadas e presença intensa de inclusões sugestivas de Anaplasma sp. Foi instituído tratamento com Doxiciclina 10 mg/kG SID por 28 dias. Após 25 dias de tratamento foi realizado um hemograma onde constatou-se um aumento dos leucócitos (11.700/µL) e das plaquetas (400.000/µL), demonstrando o sucesso do tratamento. Apesar de não ser a forma definitiva de diagnóstico de hemoparasitoses, a pesquisa em esfregaço sanguíneo é uma forma simples e barata que pode auxiliar na detecção rápida dessas doenças podendo ser útil nos casos em que não é possível realizar o diagnóstico molecular/sorológico.

Palavras-chave: Hemoparasitose; Hemograma; Esfregaço sanguíneo; Trombocitopenia.