Última alteração: 29-10-2023
Resumo
O presente estudo está inserido no campo dos Estudos Culturais em Educação e analisa a potencialidade das pedagogias culturais na problematização de questões educacionais para além dos muros da instituição escolar, possibilitando novos olhares sobre a história da educação brasileira, levando em consideração diferentes contextos e temporalidades, provocando tensionamentos sobre as formas de construção da educação, almejando a criação de políticas públicas educacionais mais justas e inclusivas. Neste sentido, a presente pesquisa analisou e problematizou algumas tentativas e formas de (re) existências dos africanos e afro-brasileiros escravizados e libertos no contexto pós-independência (1822), corroborando na evidência de seu protagonismo na luta pela inclusão no processo de escolarização, oportunizando meios para a ascensão social e a luta contra o racismo. O enriquecimento da análise cultural foi possível por meio da contextualização de alguns artefatos culturais, que denunciavam a continuidade do projeto colonialista, de viés elitista, patriarcal e escravagista/racista, projetado para a nação recém independente. Os artefatos culturais com os quais dialogamos nesta pesquisa, abarcam a problematização das cartas de Maria Bárbara Garcez Pinto, uma aristocrata portuguesa que esteve na Bahia em 1823, os dispositivos legais que versam sobre a estrutura de funcionamento da educação no Brasil Imperial, como a Constituição de 1824, a Lei de Instrução de 1827, e o podcast “O Colono Preto” do Projeto Querino. O olhar sobre tais artefatos na perspectiva dos estudos culturais africanos, possibilitou (re) pensar parte da trajetória do processo de escolarização dos povos africanos no contexto do século XIX, identificando espaços para uma contranarrativa à história hegemônica da educação colonialista, trazendo à tona outras histórias, deslocando o olhar de matriz eurocêntrica para uma versão mais afrocentrada, rompendo séculos de invisibilidade e silenciamento das populações africanas e afro-brasileiras. O estudo considera a importância de novos olhares sobre a trajetória de homens e mulheres marcados pelo estigma da racialização e sua atuação na luta em prol da escolarização, visibilizando figuras negras importantes, que se posicionaram, combatendo as teorias racistas daquele período.
Palavras-Chave: Educação; Estudos Culturais; Império Brasileiro; Protagonismo Negro; Racialização.