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Os condenados da terra no regime da biopolítica: "Sobrevivendo no Inferno" com o rap dos Racionais
Andresa Reus Santos Muniz, Virgínia Tavares Vieira

Última alteração: 28-10-2023

Resumo


A pesquisa de mestrado em andamento tem por objetivo analisar canções dogrupo de rap Racionais MC's a fim de compreender os processos deresistência de indivíduos pobres e negros. Como aporte teórico, traremos ostextos dos filósofos Michel Foucault e Frantz Fanon, bem como autores docampo da educação. Como caminho teórico-metodológico, serão utilizadasalgumas ferramentas da análise do discurso a partir de Foucault, perpassandopelas discussões de discurso, saber e tecnologias de poder. Com base emalguns trechos da obra “Os Condenados da Terra”, abordaremos temas como adescolonização, a violência e o racismo estrutural. Caracterizando o racismocomo um "círculo infernal" vivido por ele mesmo, Fanon (1962) diz que aviolência é a única saída para os “colonizados” – considerados "homensirracionais" por seus opressores, os “colonos”. A escolha do repertório doálbum Sobrevivendo no Inferno dos Racionais MC's (1997) vai de encontro àsprovocações fanonianas, pois descrevem a criminalidade nas favelas –motivando a intervenção policial que pode tanto tirar a liberdade quanto tirar avida. Sabendo-se que a população periférica é majoritariamente negra,concordamos com Foucault (1979) quando ele afirma que as relações de poderdependem do aparato estatal para agirem (podendo atuar, inclusive, de forma“essencialmente repressiva”). Desta forma, nos reportaremos ao autor paracompreender os mecanismos biopolíticos vigentes em nossa sociedade,recorrendo aos indicadores socioeconômicos para identificarmos quais sujeitossobrevivem ao "inferno" causado pela escassez de recursos e serviços.Reconhecendo a música como uma prática cultural potente, consideramos queas produções artísticas do gênero rap possuem um caráter discursivo epedagógico, pois ensinam aos jovens negros estratégias de resistência peranteo sistema, evidenciando e problematizando o racismo com suas rimas. Fanon(1962) descreve o instante em que o homem negro percebe que a sua vidavale a mesma coisa que a do branco: “Descobre que a pele do colono não valemais que a pele do nativo. Tal descoberta introduz um abalo essencial nomundo”. Acreditamos, por fim, que o rap seja uma forma de abalar asestruturas, dando voz àqueles que são os condenados da terra e, assim,alternando o poder.Palavras-chave: Música; cultura; racismo estrutural; poder; discurso.

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