As castrações em fêmeas podem ser realizadas por ovariectomia ou ovariohisterectomia. Dentre as complicações que podem ser encontradas está a formações de tratos sinusais. Tratos sinusais ou sinus são alterações crônicas, geralmente de pós-operatório tardio, que quando não tratadas podem drenar secreções, seja estar purulentas, serosas ou sanguinolentas, de forma intermitente através de sulcos entre o peritônio e a pele. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de um trato sinusal por reação a lacre em ovariectomia em cadela. Cadela, 4 anos, fêmea castrada, sem raça definida, com histórico de ferida ulcerada em região de flanco direito. Em exame físico foi evidenciado parâmetros estáveis e presença de laceração de pele de 1cm x 1 cm em flanco direito, ausência de secreção, com bordos vívidos e aspecto de perfuração, apresentando sinais de fibrose subcutânea. Em anamnese, tutor relatou que paciente foi castrada aos 6 meses por uma ONG e realizada tratamento à base de anti-inflamatórios e pomada tópica, sem sucesso. Em consultório foi realizado passagem de sonda estéril para identificar possível comunicação e a paciente foi submetida a exames bacteriológicos, micológicos, hematológicos, bioquímicos e de imagem, sugerido procedimento cirúrgico para melhor elucidação do caso. A fístula apresentava comunicação subcutânea próximo ao processo transverso da quinta vértebra lombar, sem comunicação aparente com região abdominal. Submetida a radiografia abdominal contrastada, a mesma com ausência de comunicação direta com o abdômen. Realizada ultrassonografia abdominal, esta com presença de reatividade subcutânea na região fistular. Exames hematológicos e bioquímicos sem alteração e ausência de crescimento bacteriano ou fúngico na região da lesão. Animal foi submetido a procedimento cirúrgico para debridamento de ferida com possível necessidade de laparotomia exploratória, onde foi observado uma comunicação com o abdômen, e a cirurgia evoluiu para uma laparotomia exploratória pelo flanco direito, onde foi observado a presença de um lacre plástico em região de corpo uterino direito, o mesmo foi removido e a ferida debridada cirurgicamente. Paciente retornou após 14 dias de pós-operatório com resolução completa do problema e clinicamente bem. Devido a presença de um material inadequado na realização do procedimento cirúrgico, reforça-se a importância de um material adequado para completa cicatrização e sucesso da cirurgia.