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“NÃO É SÓ ESTÉTICA: EMAGRECER É PROTEGER A VIDA” - UMA ANÁLISE SOBRE O JORNALISMO EM SAÚDE DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Ariel Meirelles Danzmann, Daniela Ripoll

Última alteração: 26-10-2023

Resumo


O ano de 2020 foi marcado pela pandemia da Covid-19 e, ao longo da pandemia, o jornalismo - e, mais especificamente, o jornalismo em saúde - foi crucial para que a população fosse informada sobre o Sars-CoV-2 e educada em saúde (em meio a um oceano de desinformação via WhatsApp e redes sociais). O objetivo desta investigação é analisar como o caderno semanal Viver com Saúde, produzido pelo Grupo Sinos de jornalismo, construiu didática e pedagogicamente inúmeros significados acerca da pandemia da Covid-19 durante o ano de 2020. Foram consultadas as 44 edições do referido caderno e selecionado, para compor o corpus de análise do presente trabalho, um conjunto de reportagens e colunas que articulavam a Covid-19 com a obesidade. Os principais conceitos mobilizados são: representação (HALL, 2016), representação de corpo gordo (LUPTON, 2013) e pedagogias culturais (STEINBERG, 1997), além do conceito de risco (CASTIEL, 1999). Os resultados mostram, em termos representacionais, que um corpo gordo é um corpo “em risco”, “vulnerável” e “doente” (já que teria muitas doenças associadas); as reportagens e colunas analisadas também enfatizam que um corpo gordo é tido como um corpo “desestabilizado”, e que a cirurgia bariátrica é uma espécie de “tábua de salvação” - último recurso para um corpo frágil. Além disso, nota-se a utilização de uma “gramática do risco” (com o uso de termos como “alerta”, “proteção”, “atenção”, etc.), a utilização de especialistas (com entrevistas de um cirurgião geral, de uma médica nutróloga e colunas escritas por uma nutricionista e um educador físico e fisiologista do exercício) e de “dicas” que simplificam os problemas relacionados à obesidade, produzindo a sensação de que “só é gordo quem quer”. Para o campo dos Estudos Culturais em Educação, o jornal pode ser entendido como uma pedagogia cultural, produzindo e ensinando significados acerca do corpo gordo - significados esse que, no período pandêmico, caracterizaram-se por configurar o sujeito gordo como alguém que precisaria mudar (seus comportamentos, suas práticas alimentares e rotinas de exercício físico, etc.) com urgência para “proteger a vida”.


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