Este estudo busca analisar as representações de gênero, raça e classe contidas nas narrativas Amor, de Clarice Lispector (1960) e Maria, de Conceição Evaristo (1991), de forma interseccional. Ambas narrativas foram escritas na contemporaneidade, entretanto abordam representações distintas, uma vez que as personagens Ana e Maria, respectivamente, estão posicionadas enquanto sujeitas em locais diferentes e, portanto, atravessadas por fatores diversos. Para tanto, faz-se uma análise cultural, usando como aporte teórico autoras como bell hooks (2019); Grada Kilomba (2019); Patricia Hill Collins (2022); entre outras. Como considerações parciais, é possível notar que, embora as duas personagens sejam mulheres, elas não são representadas do mesmo modo, já que enquanto Ana é uma dona de casa de classe média que pode cuidar de seus filhos em período integral, Maria é uma empregada doméstica que mal tem tempo para os seus próprios filhos, o que faz com que as preocupações que atravessam cada uma sejam diferentes.