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ESTADO-COACH EM AÇÃO NO ÂMBITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS À JUVENTUDE POBRE
Clarice Antunes do Nascimento

Última alteração: 22-11-2022

Resumo


Com a emergência do neoliberalismo e sua gradual instalação em todas as esferas da vida, observa-se o controle e o governo das subjetividades e condutas juvenis, efetuados em processos educativos cada vez mais centrados no empresariamento de si. O presente trabalho deriva de pesquisa mais ampla que, tomando como base teórico-metodológica os Estudos Foucaultianos, analisou três programas voltados à inclusão produtiva da juventude pobre brasileira - o Projovem, o Programa Espaço 4.0 e o Programa Mediotec -, problematizando-os como ação de um Estado-coach, que se apropria de táticas e técnicas inerentes ao processo de coaching para mostrar aos indivíduos como devem ser, pensar e agir para, por conta própria, saírem de uma condição indesejada de vida para outra considerada melhor. Nesse aspecto, tomou-se como ponto de apoio a visão do coach Reis (2011), segundo o qual, o principal papel do coach é ser um educador/transformador - não se trata de livrar as pessoas de problemas, mas capacitá-las a enfrentá-los, aprendendo com isso. A pesquisa teve como objetivo compreender como, através destes programas, o Estado conduz as condutas dos jovens para a inserção no jogo do mercado, em contextos regidos pela governamentalidade neoliberal, buscando mostrar como se afinam com o processo de coaching. As análises mostraram, entre outros aspectos, que o que se propõe, no âmbito destas políticas, como forma de transição de um quadro de vulnerabilidade social (ponto A) para um quadro de inclusão produtiva (ponto B), reflete a produção de sujeitos constituídos nas malhas do neoliberalismo e do governo de si, capazes de transformar a si mesmos e a sua realidade em um contexto de livre iniciativa e empreendimento, igualmente fabricado. À guisa de conclusão, destaca-se: a hipótese de que os programas para juventude pobre constituem ações de um Estado-coach se confirma na medida em que o Estado assume o papel de orientador das condutas para inserção no mundo do trabalho, capacitando os sujeitos para resolverem, por si mesmos, os problemas que lhes afetam e assumirem os riscos de suas escolhas.

Palavras-chave: Políticas públicas; Neoliberalismo; Governo de si; Juventude.


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