As causas de incontinência urinária dividem-se classicamente em neurogênicas e não neurogênicas, sendo a incompetência do mecanismo do esfíncter uretral (IMEU) considerada a causa mais comum de incontinência não neurogênica em cães. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de uma cadela, castrada, 3 anos de idade, Buldogue francês, atendida no Hospital Veterinário da ULBRA, apresentando incontinência urinária após eventos de agitação e durante o sono. Ao exame clínico, a paciente apresentou parâmetros dentro dos valores fisiológicos para a espécie e não apresentou déficits neurológicos. Uma ultrassonografia abdominal foi realizada, demonstrando rins assimétricos, com aumento do rim esquerdo e hipoplasia renal direita. Hemograma e bioquímicos foram realizados e coletou-se urina por cistocentese para realização de urinálise, RPC e GGT urinária, não havendo alterações nesses exames. Uma urografia excretora antecedida por enema foi realizada para a pesquisa de ureter ectópico, demonstrando falta de impregnação por contraste em recessos pélvicos, pelve e ureter de rim direito, podendo estar associada à ausência de função deste órgão e anormalidade anatômica. Devido à exclusão de outras causas de incontinência urinária, um ensaio terapêutico foi realizado, utilizando estriol 2 mg, uma vez ao dia, durante 14 dias. Com a terapia, cessaram os episódios de incontinência urinária. Um desmame gradativo foi realizado até a dosagem de 0,5 mg a cada 48 horas. A paciente permaneceu com ausência de incontinência urinária e não foram relatados efeitos colaterais durante o tempo de tratamento. Conclui-se que, neste caso, a IMEU foi diagnosticada a partir da exclusão de outras causas de incontinência urinária e da resposta positiva ao instituir-se o ensaio terapêutico com estriol.

Palavras-chave: incontinência urinária; esfíncter uretral; estriol.