Familiares que se dedicam ao cuidado de usuários de drogas podem apresentar um quadro de maior desestabilidade psicológica e sofrimento mental com relação aos que não possuem dependentes no seio familiar^{[1], [2], [3]}. Para tanto fazem uso de estratégias de enfrentamento buscando minimizar ou tolerar melhor as demandas de sobrecarga pessoal^[4]. A codependência provoca impacto negativo na vida social do familiar e dificilmente percebem que são codependentes^[5]. Essa atenção vem por meio do suporte ou apoio social, através de alguns recursos vindos da família, Organização não Governamental, amigos ou também, grupos de apoio^[6]. Os grupos de apoio ajudam no enfrentamento da crise vivenciada, pois possibilitam uma melhor percepção da realidade. Ademais, busca promover coesão e apoio, elevando a autoestima e a autoconfiança de seus participantes^[7]. O presente trabalho buscou analisar a importância dos grupos de apoio como estratégia de enfrentamento dos cuidadores codependentes de usuários de drogas. Este estudo contou com uma abordagem qualitativa, a qual permite trabalhar com opiniões, representações, posicionamentos, crenças e atitudes. A análise de dados foi realizada com base nas transcrições das entrevistas semiestruturadas. A amostra contou com 16 participantes, todos frequentadores de grupo de apoio. Segundo os participantes, neste espaço sentiram-se acolhidos, identificaram-se com os depoimentos dos demais, o que fez com que conseguissem expressar melhor as emoções vividas, possibilitando novas perspectivas e favorecendo o aumento da confiança em atitudes mais assertivas por parte dos codependentes. O estudo fortaleceu a importância da assistência do codependente de usuário de drogas, pois traz um olhar focado para as suas características e fragilidades, uma vez que nos estudos ele, normalmente, aparece como apoio e/ou complemento no tratamento do dependente de substância. Verificou-se que o codependente também necessita de uma rede de apoio para promoção de sua saúde e bem-estar, pois ocorre de adoecer juntamente com o seu membro dependente. Desse modo, o suporte social positivo gerado pelo grupo de autoajuda, impactou diretamente na base psicológica necessária para uma progressão positiva do codependente e seu familiar dependente.

^[1] Costa, B. da, Marcon, S. S., Paiano, M., Sales, C. A., Maftum, M. A., & Waidman, M. A. P. (2017). <b> Feelings and codependent behavior in the family of illicit drugs users. Acta Scientiarum. Health Sciences, 39 (2), 175-181.

^[2] Pegoraro, R. F., & Caldana, R. H. L. (2008). Sofrimento psíquico em familiares de Saúde, Educação, 12, 295-307.

^[3] Silva Figueiró, M. E. (2014). Suporte psicossocial para familiares de dependentes químicos e políticas sociais brasileiras. In VI Congreso Internacional de Investigación y Práctica Profesional en Psicología XXI Jornadas de Investigación Décimo Encuentro de Investigadores en Psicología del MERCOSUR. Facultad de Psicología-Universidad de Buenos Aires.

^[4] Lopes, R. E. (2012). O dito, o não dito e o bendito: compreendendo o enfrentamento de mulheres familiares de usuários de droga (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Ceará, Curso de Medicina, Sobral, CE. Brasil

^[5] Gonçalves, J. D. C. A. (2017). A perspectiva biopsicossocial da co-dependência dos familiares do dependente químico (Trabalho de Conclusão de Especialização). Setor Litoral - UFPR, Matinhos, PR. Brasil.

^[6] Fernandes, A. M., & Soares, A. B. (2018). Codependentes de substâncias psicoativas: percepção de suporte social e qualidade de vida. Contextos Clínicos, 11(2), 206-216.

^[7] Alvarez, S. Q., Gomes, G. C., Oliveira, A. M. N. D., & Xavier, D. M. (2012). Grupo de apoio/suporte como estratégia de cuidado: importância para familiares de usuários de drogas. Revista Gaúcha de Enfermagem, 33, 102-108.